O deputado federal Julian Lemos (PSL-PB), em entrevista hoje, em Cabedelo, onde foi prestigiar a adesão do prefeito Vítor Hugo ao DEM, abriu as baterias contra o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que, ao seu ver, tenta manipular a opinião pública ao coordenar uma manifestação pública convocada para este domingo na cidade de Monteiro, no cariri paraibano, a pretexto de cobrar do governo Bolsonaro a continuidade das obras de transposição das águas do rio São Francisco. Lemos observou que o verdadeiro propósito do ex-governador socialista é o de insistir na cruzada pela soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cumpre pena de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Paraná, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, nos autos de processos da Operação Lava-Jato.
Julian Lemos ressaltou que o governo federal já deu explicações convincentes sobre eventuais problemas de bombeamento dagua como parte do projeto de transposição e avalia que tais informações são suficientes para conscientizar a sociedade de que não há interrupção no cronograma original da interligação de bacias no semi-árido nordestino, além do que, segundo ele, está reafirmado o empenho do governo Bolsonaro em levar adiante as metas previamente fixadas. Desse ponto de vista, entende como injustificável qualquer manifestação de cobrança ao governo de Bolsonaro. E, dirigindo-se especificamente ao ex-governador Ricardo Coutinho, observou que ele está tentando forçar a ocorrência de um evento para tirar proveito, embora não tenha consenso no próprio partido, já que o governador João Azevêdo deixou claro que não irá participar da manifestação em Monteiro, por ter tido informações privilegiadas sobre o ritmo das obras em andamento.
Por trás da articulação ensaiada pelo ex-governador Ricardo Coutinho, conforme a avaliação do deputado Julian Lemos, há um balão de ensaio como parte da orquestração para provocar a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar do PSL foi taxativo, inclusive, ao especular que há uma tendência dentro do Supremo Tribunal Federal para soltar o ex-presidente Lula, dentro do raciocínio de que eventuais crimes atribuídos a ele devem ser apagados por insuficiência de provas capazes de incriminá-lo. É uma teoria completamente absurda, em analogia com o que consta dos processos instaurados contra o ex-presidente, mas, infelizmente, vem sendo alimentada e massificada de forma a doutrinar a opinião pública sobre a alegada inocência de Lula, o que não se configura em autos processuais, expressou. O deputado investiu, de forma veemente, contra a manifestação convocada para este domingo em Monteiro pela continuidade das obras da transposição das águas do rio São Francisco, dizendo que o S.O.S. Transposição é uma farsa e não comove os segmentos politizados da sociedade brasileira e, em particular, da população nordestina.
Julian Lemos descartou, na entrevista, as versões de que esteja escanteado dentro dos quadros do PSL por supostas iniciativas para forçar intimidade com o presidente Jair Bolsonaro, fazendo, às vezes, o papel de papagaio de pirata em flagrantes ao lado do chefe da Nação. Disse que tem uma relação com o presidente Bolsonaro anterior à sua ascensão à presidência da República e que foi um dos primeiros a apostar nas chances dele como alternativa na disputa ao Palácio do Planalto. Admitiu ter recuado, estrategicamente, em algumas ocasiões, na relação com Bolsonaro, para não criar embaraços ou dificuldades a ele. Isto, contudo, fez questão de salientar, não alterou sua fidelidade ao presidente da República, muito menos sua postura de alinhamento com o governo na votação de matérias essenciais na Câmara dos Deputados. Julian Lemos define-se como um crítico intransigente do PT por entender que figuras expressivas desse partido tentam, artificialmente, criar um clima favorável à soltura do ex-presidente Lula, daí evoluindo para uma orquestração com vistas a anistia-lo pelas condutas teoricamente criminosas que lhe são atribuídas. O deputado finalizou alertando que o país tem outras prioridades e que o governo do presidente Jair Bolsonaro carece do mínimo de tranquilidade para levar adiante as reformas que precisam ser feitas e a respeito das quais, na sua opinião, os governos petistas se omitiram.
Nonato Guedes