A manifestação realizada hoje em Monteiro, no cariri paraibano, idealizada pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e destinada a pressionar o governo federal a manter o cronograma de obras do projeto de transposição das águas do rio São Francisco, atraiu figuras ilustres do cenário nacional como Fernando Haddad, ex-candidato a presidente da República pelo PT e a deputada federal Gleisi Hoffmann, do Paraná, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores. Na ocasião foi lida uma missiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrando a atuação do seu governo para viabilizar o projeto da transposição. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi criticado, com insinuações de que é contra a região Nordeste.
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB) não compareceu ao evento, como havia dito. Na sua agenda constava a presença em cerimônia de encerramento da programação Caminhos do Frio, com conotação turística. No palanque, em Monteiro, Ricardo mandou recados para aliados que não estiveram presentes. Nós estamos na luta. Se alguém não vem, o problema é de alguém, porque o povo caminha sozinho. O povo sabe para onde quer ir, asseverou Ricardo. A carta de Lula, que foi lida no evento, descreve a inauguração popular da obra, classificando o ato como espécie de Woodstock da política. Disse que aquele evento significou uma resposta ao ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que na inauguração oficial, presente o então presidente Michel Temer (MDB), fez críticas a Lula e a Dilma Rousseff.
Coutinho exortou a bancada federal nordestina a mobilizar-se para pressionar os órgãos de controle com vistas a garantir o retorno das águas em regiões do semiárido. Ele lembrou que o bombeamento está paralisado desde fevereiro. Devemos ter vergonha na cara, provocou Ricardo, sugerindo o ingresso de representação no Ministério Público Federal para que o presidente Bolsonaro seja acionado pela prática de crime contra a humanidade. O ex-presidenciável Fernando Haddad chamou Bolsonaro de pobre coitado e denunciou uma articulação dos poderosos para prender o ex-presidente Lula da Silva. O Bolsonaro é tão ruim que se a gente fizesse um sorteio para decidir quem ia ser o presidente da República entre todos os brasileiros, o resultado ia ser melhor. Ele (Bolsonaro) é um cabra ruim. Não consegue se colocar no lugar do negro, do índio, da mulher, do LGBT. Tem dificuldade de enxergar à frente o nordestino, que demorou 500 anos para ser enxergado pela presidência da República, salientou. Haddad também lembrou o ex-presidente Lula em várias ocasiões. Enquanto a justiça não for feita, a gente não vai sair da rua, sentenciou ele.
Nonato Guedes