A partir das 10h de hoje a cidade de Monteiro, no cariri paraibano, será palco da manifestação intitulada SOS Transposição, destinada a cobrar do governo federal a retomada do bombeamento de água que está suspenso já há algum tempo, comprometendo o projeto da transposição de águas do rio São Francisco deflagrado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A manifestação em Monteiro está sendo coordenada pelo ex-governador paraibano Ricardo Coutinho (PSB) e deverá incluir a pauta Lula Livre, reivindicando a soltura do ex-mandatário, que cumpre pena em Curitiba. Expoentes nacionais do PT, como o ex-candidato a presidente, Fernando Haddad, e a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, estarão presentes, bem como o ex-senador pelo Rio de Janeiro Lindbergh Farias.
A grande ausência será a do governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), atualmente em processo de divergência com o antecessor, Ricardo Coutinho, tendo como pano de fundo a luta pelo controle da legenda, cujo diretório regional foi destituído pela Executiva nacional, com a consequente destituição do presidente Edvaldo Rosas, que ocupa uma secretaria na gestão Azevêdo. Ricardo Coutinho é apoiado por um grupo de socialistas como alternativa à presidência do PSB, que está acéfala, conduzida por uma comissão provisória sem poder de autonomia. Em declarações a jornalistas da mídia sulista e paraibana, Ricardo Coutinho não negou o caráter político do ato programado para hoje, justificando que a transposição das águas do São Francisco constituiu uma luta histórica do povo nordestino, que não pode ser interrompida.
O ex-governador queixa-se que, atualmente, com a vigência do governo do presidente Jair Bolsonaro, não há qualquer canal de diálogo para a superação do impasse em torno do andamento das obras e da volta do bombeamento. Está ocorrendo, no atual governo federal, o que não ocorreu nem na ditadura militar, quando políticos como Petrônio Portella eram escalados para mediar soluções de impasses com a oposição e com os que combatiam o regime, chegou a dizer Ricardo Coutinho, lamentando o que chama de insensibilidade da gestão Bolsonaro para com a problemática nordestina como um todo. O governador João Azevêdo explicou que não comparecerá ao ato porque considera tratar-se de um problema técnico, cujo equacionamento já estaria sendo encaminhado pelo Planalto, conforme informações que lhe foram transmitidas. Além do mais, Azevêdo referiu-se a uma vasta agenda de compromissos que está tendo esta semana e que o impossibilita de participar de manifestações políticas.
Ontem, em Cabedelo, por ocasião da filiação do prefeito Vítor Hugo Castellanoao Democratas, políticos do DEM que integram o governo do Estado reagiram com ironia ao ato pela transposição previsto para hoje em Monteiro e disseram a jornalistas que somente admitiriam comparecer se o governador João Azevêdo também confirmasse presença. O ex-governador Ricardo Coutinho, nas redes sociais, tem desdenhado das críticas ao ato. Textualmente, enfatiza: Eu acho que esse ato é de iniciativa daqueles que acreditam na luta do povo pela transposição. Tem gente que não acredita e prefere não ir. Tem gente que não acredita e prefere vir com um discurso aguado, azedo, amorfo, de que se é um ato técnico ou um ato político. Questionado se convidou o governador João Azevêdo, recomendou que a pergunta fosse feita diretamente a ele. O convite é público, e o governador já foi convidado por muita gente. O presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (PSB), também informou que não estará presente na manifestação em Monteiro.
Nonato Guedes