O presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, Carlos Siqueira, convocou, ontem, em caráter de urgência, uma reunião da Executiva Nacional para o dia 9, às 15h, em Brasília, a fim de deliberar sobre o impasse reinante na Paraíba, onde o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo entraram em rota de colisão sobre o controle da legenda, situação agravada com a dissolução do antigo diretório estadual e a destituição do então presidente Edvaldo Rosas. A gravidade da crise exige uma solução urgente, admitiu, finalmente, Siqueira, que até então vinha apostando fichas num entendimento local entre os grupos de Ricardo e Azevêdo.
A indefinição acerca do futuro do PSB tem inquietado as lideranças filiadas, tanto na Assembleia Legislativa como em prefeituras municipais. A relação entre João e Ricardo azedou por causa da realização do evento S.O.S. Transposição, na cidade de Monteiro, no fim de semana, a pretexto de cobrar providências do governo Bolsonaro para a retomada do projeto de transposição das águas do rio São Francisco. O governador e seus aliados não compareceram ao ato, interpretado como uma manobra de Ricardo para promoção pessoal. De resto, a coordenação do evento desagradou, inclusive, petistas, como o deputado em exercício Anísio Maia, que protestou contra o personalismo de algumas lideranças do PSB, numa referência a Ricardo Coutinho.
Carlos Siqueira lembrou que mais da metade dos diretorianos do PSB na Paraíba renunciou a posições na instância partidária, gerando um vácuo que precisa ser equacionado. O clima de beligerância só tem se radicalizado com manifestações de parte à parte. Ontem, a deputada Estelizabel Bezerra, do PSB ricardista, lamentou a crítica feita por Anísio Maia de que integrantes da legenda socialista tentaram apropriar-se da festa dos outros. Na opinião de Estela, Anísio errou no tom e na crítica. Posso assegurar que foi dada toda generosidade no espaço de falas aos integrantes do PT presentes ao ato, ao contrário do que insinua o deputado Anísio Maia, enfatizou. Já o deputado Ricardo Barbosa, líder do governo João Azevêdo na Assembleia, afirmou que quem não compareceu ao evento em Monteiro tinha suas motivações e razões. Propôs que não deve haver cobrança, porque as motivações que levaram ao evento talvez tenham sido a própria justificativa para alguns não terem participado. O ex-governador Ricardo Coutinho, ainda irresignado com o alegado boicote à manifestação, desabafou ontem: Há dois anos, esses mesmos políticos estavam encangados em mim e no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi entregue a obra da transposição das águas do São Francisco.
Nonato Guedes