A debandada verificada na Procuradoria Geral da República-PGR, às vésperas do término do mandato da titular Raquel Dodge, vem causando repercussão, sobretudo porque seis procuradores envolvidos com a Operação Lava-Jato apresentaram pedidos de demissão coletiva, ocasionando instabilidade no âmbito do órgão e nos desdobramentos de investigações que estão em andamento. O jurista paraibano Luciano Mariz Maia, vice-procurador geral da República, procurou colocar panos mornos no impasse verificado quando falta pouco menos de duas semanas para terminar o mandato de Dodge.
Na opinião de Luciano, dentro desse curto período, haverá atenção em identificar na equipe quem pode realizar alguns dos trabalhos que vinham sendo realizados pelos extraordinários colegas. Os elogios do vice-procurador-geral destoam do péssimo ambiente reinante na PGR depois da debandada do grupo Lava-Jato, insatisfeito com as controvérsias envolvendo o rumo das investigações. O presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que vai substituir Raquel por um homem, possivelmente evangélico e teoricamente afinado com diretrizes do Palácio do Planalto.
Há uma preocupação por parte de Bolsonaro e de assessores que lhe são próximos quanto a manobras para sabotar a Operação. Dodge sofreu a maior baixa na sua gestão na Procuradoria com a entrega coletiva de cargos entre os procuradores que investigam os casos da Lava-Jato. Até o braço-direito de Dodge na área criminal, Raquel Branquinho, deixou o posto. A alegação foi de incompatibilidade com entendimento de Dodge. A reportagem do UOL Notícias apurou que o desentendimento da equipe está relacionado com a delação premiada do executivo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. O mandato de Dodge, alvo de crescente insatisfação interna no Ministério Público Federal, se encerra no dia 17 deste mês. O desligamento também foi pedido pelos procuradores Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Herbert Mesquita, Victor Ricelly e Alessando Oliveira. Ao encaminhar o acordo de colaboração premiada para homologação do STF, Raquel pediu o arquivamento da parte da delação que trazia implicações ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e um dos irmãos do presidente do Supremo, Dias Toffoli. Maia e Toffoli articularam nos bastidores uma possível recondução de Dodge mas esbarraram na objeção de Bolsonaro. Raquel é criticada pelo círculo interno do presidente por não ter, na avaliação dele, priorizado o combate à corrupção na sua gestão nem destravado acordos de colaboração premiada, além de ter denunciado o próprio presidente e o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Nonato Guedes, com agências