O impasse reinante no PSB paraibano poderá ser resolvido amanhã com a definição, pela direção nacional do Partido Socialista Brasileiro, sobre o comando no Estado após a dissolução do diretório estadual, com a destituição do então presidente Edvaldo Rosas, logo após sua nomeação para a Secretaria de Governo. A disputa pelo controle da legenda opõe os grupos do governador João Azevêdo e do ex-governador Ricardo Coutinho. Aliados de Ricardo, como as deputadas estaduais Estelizabel Bezerra e Cida Ramos, defendem a escolha de Coutinho para a presidência estadual do PSB, como forma de dar visibilidade a uma provável candidatura a prefeito de João Pessoa no próximo ano.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, convocou em caráter de urgência uma reunião para amanhã às 15h em Brasília a fim de deliberar sobre o assunto. Ele fez apelos aos integrantes das duas facções para que trabalhem pela unidade interna, com vistas ao fortalecimento do PSB para as futuras eleições. O racha no Partido Socialista da Paraíba tem causado preocupação a filiados, pelo reflexo negativo que pode vir a ter já no pleito municipal do próximo ano. A agremiação experimentou um processo de crescimento nas eleições de 2018, com ampliação da bancada na Assembleia Legislativa, eleição de Gervásio Maia para deputado federal e de Veneziano Vital do Rêgo para senador, além da vitória do próprio João Azevêdo em primeiro turno, com o apoio decisivo do ex-governador Ricardo Coutinho, que, inclusive, optou por permanecer no exercício do cargo até o último dia de mandato, a pretexto de garantir a continuidade do projeto que implementou durante oito anos de gestão.
Ultimamente, com o agravamento das divergências, Ricardo admitiu ter errado de cálculo ao não disputar uma vaga de senador no ano passado. Essa era a expectativa dominante nos meios políticos e havia, mesmo, a cogitação de que o ex-governador seria favorito para uma das duas cadeiras. Ele preferiu permanecer no governo, inaugurando obras previstas no cronograma, tanto na Capital como em cidades do interior. Na época, Ricardo demonstrou não confiar na vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, que, se fosse investida na titularidade, com a sua desincompatibilização, poderia ser candidata ao governo, dividindo o esquema oficial. Lígia acabou sendo mantida como candidata à reeleição na chapa de João Azevêdo, dividindo palanque com Ricardo Coutinho e outras lideranças.
Fontes políticas bem informadas atribuem o distanciamento de Ricardo do governador João Azevêdo a insatisfações do ex-governador por não ser comunicado de decisões que o sucessor toma. O clima piorou com o envolvimento de ex-secretários, remanescentes da Era Ricardo, em escândalos da Operação Calvário, comandada pelo Gaeco e Ministério Público e versando sobre desvio de recursos públicos e pagamento de propinas na esteira da gestão pactuada da Saúde, quando o governo de Coutinho terceirizou a direção de hospitais como o de Trauma e Emergência de João Pessoa a organizações sociais, a exemplo da Cruz Vermelha. O governador João Azevêdo não confirmou se irá participar do encontro agendado para Brasília pela cúpula nacional. Ele deu a entender que poderá se fazer representar, dependendo da sua agenda administrativa. A destituição do diretório estadual ocorreu após integrantes do partido entregarem à direção nacional um pedido de renúncia coletiva, alegando motivos pessoais. Desde então, o partido está acéfalo e é grande a expectativa sobre os rumos que serão adotados a partir de agora.
Nonato Guedes