O deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, avaliou hoje como irremediável o racha dentro do Partido Socialista Brasileiro no Estado, anunciou que está se preparando para deixar a legenda e culpou diretamente o ex-governador Ricardo Coutinho e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE) pelo racha deflagrado nas hostes paraibanas. Ele confirmou ter recebido convites de alguns partidos para ingressar neles, com a condição, inclusive, de presidi-los, citando o PTB, o PRB, o Avante e o Patriota. Informou que está avaliando o melhor cenário para se posicionar politicamente, buscando a janela mais confortável que lhe possibilite a continuidade na vida pública, mas não cogita permanecer no PSB, nem mesmo se fosse restabelecida a convivência entre os grupos do ex-governador Ricardo Coutinho e do governador João Azevêdo.
Adriano Galdino ressaltou que o ex-governador Ricardo Coutinho, se tivesse agido de forma mais consensual, continuaria detendo apoios expressivos no PSB pelo reconhecimento natural à sua liderança. Lamentou, entretanto, que Coutinho tenha tomado decisões por cima, acionando a cúpula nacional do PSB e atropelando discussões que estavam sendo conduzidas embrionariamente no âmbito da seção paraibana do Partido Socialista Brasileiro. Para o presidente da Assembleia Legislativa, faltou habilidade política ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que optou por um lado (o de Ricardo Coutinho) sem levar em consideração a realidade de divisão de forças no partido a nível da Paraíba.
O presidente da Assembleia advertiu que os fatos ocorridos nos últimos dias são tanto mais lamentáveis diante da constatação de que o PSB vinha construindo um projeto vitorioso na Paraíba, aprovado nas urnas, que estava originalmente focado na melhoria das condições de vida do povo e na ampliação de obras de infraestrutura para beneficiar as camadas mais carentes da população estadual. Considera ter havido um desperdício na capitalização do êxito desse projeto de governo, motivado por ambições políticas-pessoais e falta de discernimento sobre o que é mais essencial para o partido nas atuais circunstâncias. A divisão deflagrada no PSB é o episódio mais decepcionante dos últimos anos na crônica política local, explanou Adriano Galdino.
Adriano Galdino mencionou que, embora remotamente, havia entre lideranças socialistas paraibanas a expectativa de que os problemas detonados fossem solucionados a contento, em clima de respeito, entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo, tendo em vista que ambos estiveram juntos na campanha de 2018 que foi vitoriosa já em primeiro turno, apesar do empenho de forças oposicionistas em concentrarem mobilizações para derrotar o esquema do PSB. Enfim, prospectou que o resultado foi positivo no balanço das urnas, com aumento da bancada estadual e com a representação alcançada pelo partido na Câmara Federal, através do deputado Gervásio Maia, e no Senado, através do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo, que foi, também, deputado federal. Na opinião de Galdino, o racha existente no PSB ainda hoje surpreende lideranças políticas de outras agremiações que apostavam num projeto de poder duradouro para os socialistas, o que foi pelos ares em virtude do conflito de interesses e posições.
Nonato Guedes