Embora filiado a outro partido, o PDT, do qual é presidente do diretório regional na Paraíba, o deputado federal Damião Feliciano, marido da vice-governadora Lígia Feliciano, externou em conversa informal com parlamentares em Brasília sua preocupação com o desdobramento da crise detonada nas hostes do PSB em nosso Estado, tendo como protagonistas o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo. Para ele, o episódio tem reflexos em outros partidos que compõem a base de apoio ao governo paraibano, daí não achar interessante que seja estimulado o desentendimento.
– Quando inimigos brigam é diferente. Mas quando a briga é interna, nunca se sabe o tamanho do prejuízo – avaliou, textualmente, Damião Feliciano, lembrando o clima de unidade que prevaleceu na campanha eleitoral do ano passado entre o ex-governador e o seu sucessor. O parlamentar sinaliza que é preciso esgotar ao máximo o entendimento entre líderes e chefes partidários, evitando-se instabilidade para as bases, que são mantidas até certo ponto desinformadas ou alheias aos acontecimentos mais decisivos.
Feliciano aduziu que “nesse cenário conflagrado não há vencedores”. E lembrou embates épicos no plano nacional entre figuras de grande projeção como os ex-senadores Antônio Carlos Magalhães Bahia) e Jáder Barbalho (Pará) na década de 1990. Mais recentemente, houve o contencioso entre o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (MDB-RJ) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Ninguém ganhou nada, pelo contrário, todos saíram perdendo”, explicitou. Cunha, que foi um dos mentores do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, acabou sendo preso e punido pela Operação Lava-Jato. A ex-presidente Dilma Rousseff, além de ter tido o mandato interrompido, perdeu a disputa para uma vaga ao Senado nas eleições do ano passado.
O dirigente estadual pedetista acredita que ainda há espaço para uma reaproximação entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo, “desde que saiam de cena os pescadores de águas turvas, cujo único interesse é o de tirar proveito e benefício próprio em cima de uma divergência eventual entre homens públicos”. Damião mostrou-se confiante na “maturidade política” e no “espírito público” dos dois gestores envolvidos na atual querela partidária e referiu-se à contribuição conjunta que ambos emprestaram, de forma significativa, ao desenvolvimento do Estado, cumprindo propósitos de campanha que foram defendidos na praça pública.