Dependendo de confirmação formal do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro, que reassumiu o cargo após intervenções cirúrgicas, é aguardado em Campina Grande no próximo dia 11 de outubro, para inaugurar o conjunto habitacional Aluízio Campos, considerado pelo prefeito Romero Rodrigues (PSD) um dos maiores empreendimentos dos últimos anos na cidade Rainha da Borborema. O núcleo populacional deverá compor-se de cinco mil casas, acessíveis para famílias de baixa renda, e há uma expectativa de reflexos colaterais do empreendimento em benefício da população, pelo fato de movimentar o mercado imobiliário e o comércio de serviços.
Em paralelo com o agendamento da visita do presidente da República a Campina Grande, desenrola-se nos bastidores políticos uma articulação de deputados federais da Paraíba, como Efraim Filho, do Democratas, e Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, para uma distensão política entre Bolsonaro e o governador João Azevêdo, aproveitando-se a conjuntura atual na Paraíba em que Azevêdo está rompido com o antecessor, Ricardo Coutinho, este bastante ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que cumpre pena na Superintendência de Polícia Federal em Curitiba.
Azevêdo chegou a ter atritos com Bolsonaro durante reuniões do Fórum de Governadores do Nordeste, por posições afirmativas que assumiu em defesa da Paraíba. Ele e outros governadores do Nordeste, filiados a partidos de esquerda, também irritaram o presidente da República pela iniciativa de formar um Consórcio intitulado Nordeste Conectado para desviar-se da dependência ao Palácio do Planalto. Bolsonaro não digeriu, também, a cobrança de gestores nordestinos pela continuidade das obras da transposição de águas do rio São Francisco, em meio a denúncias de grande repercussão sobre a suspensão do bombeamento de água do projeto da transposição.
Conquanto o atual governador da Paraíba não tenha participado do evento público SOS Transposição, organizado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, realizado na cidade de Monteiro e que contou com quórum expressivo de lideranças petistas, Bolsonaro deixou vazar uma afirmação de que considerava João Azevêdo intragável. Isto ocorreu quando, falando a correspondentes de órgãos de imprensa do exterior, o presidente da República referiu-se pejorativamente ao que chamou de governadores de paraíba, uma referência aos governadores do Nordeste. O seu alvo principal, no desabafo, com o microfone ligado, foi o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, que tenta viabilizar-se como candidato a presidente da República em 2022 por uma frente de esquerda. Desses governadores de paraíba, o pior é o Flávio Dino, do Maranhão, alfinetou Bolsonaro, provocando mal-estar e manifestações de solidariedade ao gestor maranhense por parte de colegas de governo da região e de outras lideranças políticas nordestinas e nacionais.
O governador João Azevêdo informou, durante reunião com colegas da região em Natal, Rio Grande do Norte, que o projeto Nordeste Conectado deve visitar alguns países da Europa na busca de investimentos para esta região. Ele frisou que por ocasião do encontro houve um debate produtivo sobre a reforma tributária e questões envolvendo a Petrobras. Acerca da viagem a países da Europa, salientou que se trata de uma estratégia para apresentação das potencialidades de Estados do Nordeste e discussão sobre parcerias que facilitem a atração de investidores na região. Na definição de Azevêdo, o programa Nordeste Conectado é um grande projeto de interligação das 150 maiores cidades do Nordeste, por meio de fibra óptica, com uma rede de quarenta mil quilômetros. A viagem dos governadores nordestinos à Europa deve acontecer em novembro.
Nonato Guedes