A primeira pesquisa sobre intenções de voto para as eleições de prefeito de João Pessoa no próximo ano, realizada pelo Instituto Datavox, em parceria com o site Politika.com.br, já flagra o rompimento entre o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e o governador João Azevêdo, do mesmo partido, e mostra que RC, que se elegeu duas vezes ao cargo, em 2004 e 2008, beneficia-se, disparado, do efeito recall, que traduz a lembrança do seu nome, amplificada pelo exercício de dois mandatos no governo do Estado, passagem encerrada em 31 de dezembro de 2018. O cenário estimulado é extremamente favorável a Coutinho ele desponta com 38,4%. No cenário espontâneo, alcança 20,9%. O universo pesquisado foi de 803 eleitores, em 50 bairros da Capital, e o levantamento teria sido realizado no último dia 12.
A pesquisa reveste-se de algumas falhas, que não tiveram ordem técnica nem metodológica, como, por exemplo, a menção, no quesito espontâneo, dos nomes do atual prefeito Luciano Cartaxo (PV) e do seu irmão gêmeo Lucélio, também do PV, como opções para a disputa do próximo ano. Os dois estão impedidos de concorrer Luciano porque está completando o segundo mandato consecutivo; Lucélio pelo parentesco em primeiríssimo grau do atual gestor. Num resultado que corresponde mais a percentual de aprovação da gestão do que de intenção de voto, Luciano detém 17,9% no quesito espontâneo. No cenário estimulado, o atual vice-prefeito Manoel Júnior (Solidariedade), que tenciona disputar a prefeitura, tem 5.0%, o deputado estadual Walber Virgolino aparece com 3,1%; o deputado federal Efraim Filho, do DEM, conta com 1.7%, o mesmo percentual do ex-deputado Luiz Couto, do PT, que é secretário da gestão Azevêdo. O radialista Nilvan Ferreira, do Sistema Correio, tem 1,2% e Diego Tavares, cotado na ala cartaxista, situa-se com 0,2%.
Para alguns analistas políticos, a realização de pesquisas ou sondagens, a dados de hoje, sobre a sucessão à prefeitura de João Pessoa, seria precipitada ou temerária, uma vez que ainda não se operou o desfecho da briga interna no PSB entre os aliados de Ricardo Coutinho e João Azevêdo. Não há definição sobre quem vai, mesmo, controlar o Partido Socialista no Estado. E, no caso de Azevêdo, uma vez senhor da legenda se esta for a decisão do diretório nacional há uma incógnita sobre quais os nomes em que poderia apostar, e para qual partido migraria caso tivesse que ser despejado do PSB. Caso permaneça no PSB, Ricardo tanto pode se lançar candidato, até para dispor de instrumento de poder no embate com João Azevêdo, como pode apostar em outros nomes, a exemplo do deputado federal Gervásio Maia ou das deputadas estaduais Estelizabel Bezerra e Cida Ramos, que já foram candidatas a prefeita e perderam entre o período eleitoral de 2012 a 2016, justamente para Luciano Cartaxo, não indo, sequer, ao segundo turno.
Os ricardistas, que acompanham com grande interesse o desenrolar da queda-de-braço entre ele e João Azevêdo nas hostes do PSB, começam a fazer planos acerca da retomada de uma escalada que no passado recente foi vitoriosa para Coutinho: a eleição e reeleição a prefeito de João Pessoa, e, na sequência, a eleição e reeleição como governador do Estado. Para analistas políticos e também para adversários de Ricardo, muito dificilmente a história se repetirá nessa proporção, inclusive, porque Ricardo amealha alguns focos de desgaste e no meio do caminho há o enigma da Operação Calvário, que já incriminou ex-auxiliares da administração de Coutinho. Por ora, bolas de cristal estão em falta no comércio político, o que dificulta previsões aproximadas ou projeções confiáveis sobre a predestinação de Ricardo Coutinho a vitórias consecutivas.
Nonato Guedes