O governador João Azevêdo deixou evidente, ontem, que ainda está examinando a hipótese de permanecer, ou não, nos quadros do Partido Socialista Brasileiro, onde ficou desconfortável desde a dissolução do diretório estadual com o aval da cúpula nacional e o endosso do ex-governador Ricardo Coutinho, aliado na campanha eleitoral de 2018. Azevêdo afirmou que vários passos ainda terão que ocorrer para um desfecho da crise interna do PSB, que tem sofrido baixas em seus quadros, como, ainda ontem, a do vereador por João Pessoa Tibério Limeira.
João Azevêdo frisou que no momento oportuno anunciará “com muita tranquilidade” o seu posicionamento, mas insistiu em advertir que a questão política-partidária, no momento, não constitui seu foco. E aduziu: “O meu foco é fazer com que a Paraíba continue avançando”. Já a deputada estadual Estelizabel Bezerra, presidente interina do diretório municipal socialista na Capital, após reunião, ontem, disse que o partido passa por um processo de depuração e pode ser conduzido por uma comissão provisória. De acordo com Estela, caso o diretório seja dissolvido, o presidente estadual Ricardo Coutinho comandará o processo para a formação de um novo comando na Capital.
A deputada e o ex-governador atuam afinados no atual processo turbulento enfrentado pela agremiação, que gerou protestos do governador João Azevêdo, que disse ter ocorrido a dissolução do diretório estadual à sua revelia. Na opinião de Estelizabel, o momento vivenciado pelo PSB na Paraíba coincide com o processo de auto reestruturação a nível nacional. “O partido está se posicionando cada vez mais ideologicamente e vai ter que se depurar”, acentuou. Para Estelizabel, não há propriamente sintoma de crise na legenda. “Eu acredito que está em curso um processo de crescimento, de afirmação partidária. Às vezes é preciso diminuir para poder crescer verdadeiramente”, enfatizou.
Estelizabel já havia previsto a possibilidade de defecções nos quadros do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, motivadas, conforme ela, por divergências ou falta de afinidade com o projeto que a agremiação busca empalmar, não somente na Paraíba mas na conjuntura nacional. No período de 2014, avalia Estelizabel, “o partido inchou muito, e inchar é diferente de crescer”. Para ela, faltou rigor na adoção de critérios para filiações ao PSB paraibano. “Mas não vejo nada que desabone o PSB, porque, às vezes, para crescer, é preciso tirar o inchaço prejudicial que esteja existindo”, ponderou, concluindo que a prioridade maior continua sendo o fortalecimento da legenda.
Nonato Guedes