Mais um capítulo da crise que consome os quadros do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, depois do rompimento entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo: ontem, na Câmara Municipal de João Pessoa, a vereadora Sandra Marrocos, ligada a Coutinho e que se investiu na liderança, deu ultimatum a dois outros integrantes do partido, os vereadores Léo Bezerra e Tibério Limeira: quem não aceitar sua liderança ou a de Tanilson Soares, deixe o partido. Léo Bezerra entregou a liderança por não concordar com a dissolução do diretório estadual, enquanto Tibério Limeira anunciou que, em hipótese de “racha”, acompanha a liderança do governador João Azevêdo.
O impasse nas hostes socialistas agravou-se, também, com a renúncia de Ronaldo Barbosa à presidência do diretório municipal em João Pessoa. Há rumores de que Sandra Marrocos pode vir a ser confirmada como sucessora de Ronaldo Barbosa ou ser efetivada na liderança na Câmara, tendo como segunda opção, nesse caso, Tanilson Soares. Sandra Marrocos frisou que chamaria todos, indistintamente, para dialogar, mas deixou clara a sua condição: a de aceitação das diretrizes emanadas do grupo liderado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que preside a comissão estadual provisória do PSB após a destituição do secretário de Governo, Edvaldo Rosas, do cargo.
O ex-líder na Câmara, Léo Bezerra, qualificou de “infelizes” as declarações de Sandra Marrocos, observando que não há intenção manifesta, da parte dela, em restabelecer o diálogo e respeitar a democracia interna. “De forma truculenta, agressiva, é que as coisas não se resolvem. Eu me recuso a participar de um jogo dessa natureza”, expressou Léo Bezerra. Tibério Limeira endossou: “Pelo que eu sei, o partido não tem dono. É exatamente isso que estamos questionando nesse processo de falta de democracia interna, que resultou na intervenção antidemocrática e truculenta do diretório estadual”. O vereador explicou que ele e Léo Bezerra ainda não pediram desfiliação porque acreditam que a direção que foi destituída tem chance de ser restabelecida. Em último caso, apostam na janela partidária em março, último prazo para quem vai disputar eleição trocar de legenda, para tomar uma decisão. O recado explícito dele para Sandra Marrocos foi o de que a decisão de ficar ou sair e a hora de definir será dos dois interessados, não da vereadora ligada ao ex-governador Ricardo Coutinho.