Em meio à possibilidade de seguir para o regime semiaberto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que só quer sair da prisão com “100% de inocência” e que seria “um prazer” que o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, da Operação Lava Jato, entrassem em seu lugar. As declarações foram feitas ao site GGN. A entrevista com Lula, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, numa sala especial, foi gravada na quarta-feira, 25, e publicada ontem.
Ainda na função de juiz, Moro foi o responsável por condenar Lula em primeira instância no processo do tríplex do Guarujá (SP). A denúncia do caso foi feita pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, que é coordenada por Dallagnol. A condenação foi confirmada em instâncias superiores, o que levou o ex-presidente da República à prisão. Esta semana, a força-tarefa da Lava Jato se manifestou a favor da progressão de regime de Lula para o semiaberto. A decisão sobre o tema ficará a cargo da juíza federal Carolina Lebbos. O ex-presidente está preso desde abril de 2018, cumprindo pena de 8 anos, 10 meses e 20 dias pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como já cumpriu um sexto da pena, ele tem direito a mudar de regime.
Ontem à tarde, via Twitter, a socióloga Rosângela da Silva, namorada de Lula, refutou a possibilidade de o ex-presidente ir para o semiaberto. “A Liberdade irá nos alcançar mas não virá assinada por aqueles que fraudaram a Justiça! #lulainocente #liberdade plena”, escreveu, na rede social. Ainda na sexta, a defesa de Lula também não deu certeza de que tem interesse na progressão do regime e disse que o assunto seria discutido com o ex-presidente. “O ex-presidente Lula da Silva deve ter sua liberdade plena restabelecida porque não praticou qualquer crime e foi condenado por meio de um processo ilegítimo e corrompido por flagrantes nulidades”, declarou o advogado Cristiano Zanin Martins. Na entrevista ao GGN, o petista também deixou claro que não aceitaria deixar a cadeia mediante condições como o uso de tornozeleira eletrônica. “Não sou pombo”, voltou a dizer.
Desde que passou a ser alvo da Lava Jato, Lula mantém o discurso de que é inocente e perseguido politicamente. A ida para o semiaberto poderia assemelhar, ao menos do ponto de vista político, seu caso ao de outros presos na operação. No momento, a via preferencial da defesa de Lula para que o ex-presidente deixe a prisão é obter na Justiça o reconhecimento da suspeição de Moro como juiz no processo do tríplex, o que anularia a condenação no caso. Os advogados afirmam que Moro era suspeito para julgar Lula porque aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PSL). O caso está pendente de decisão no Supremo Tribunal Federal.
Da Redação, com UOL Notícias