Já houve choro e ranger de dentes no agrupamento socialista paraibano com algumas medidas tomadas pelo governador João Azevêdo, a exemplo das exonerações ou afastamento de secretários, ocupantes de cargos comissionados e servidores, o que, segundo versões, teria se intensificado depois do rompimento do ex-governador Ricardo Coutinho, presidente da comissão estadual provisória do PSB, com o seu sucessor. Ambos lutam pelo controle da legenda no Estado – e Ricardo, aparentemente, tem apoios importantes na cúpula nacional, tanto que foi graças a gestões suas junto ao presidente Carlos Siqueira que o então diretório estadual do PSB foi dissolvido e ,na sequência, destituído o presidente Edvaldo Rosas, que foi nomeado Secretário de Governo por Azevêdo, ocorrendo a ascensão de Ricardo ao comando estadual e da deputada Estelizabel Bezerra à presidência do diretório municipal em João Pessoa, onde no próximo ano se travará disputa acirrada pela prefeitura, hoje ocupada por Luciano Cartaxo, do PV.
Aliados do governador João Azevêdo asseguram que ele vem conseguindo imprimir o seu tom pessoal, mesmo em meio ao fogo cruzado constante de “ricardistas”. Na semana passada, a vereadora Sandra Marrocos, que atua em João Pessoa e que declarou lealdade ao ex-governador Ricardo Coutinho, denunciou retaliação, afirmando que uma irmã sua, apesar de competente e de ter sido aproveitada em gestões como as de José Maranhão e Cássio Cunha Lima, foi demitida de função executiva no Hospital de Trauma e Emergência Senador Humberto Lucena, de João Pessoa. Marrocos considerou que foi uma retaliação da parte de João Azevêdo e considerou “mesquinha” a atitude do chefe do Executivo. Na Assembleia Legislativa, apesar da aparente indefinição sobre correlação de forças dentro do PSB, o governador João Azevêdo viria logrando manter a maioria dos apoios. Numa avaliação otimista entre seus aliados, afirma-se que o governador detém votos suficientes para aprovar matérias que considera essenciais e que tem encaminhado à Casa de Epitácio Pessoa. “Desse ponto de vista, a governabilidade está garantida”, enfatiza o líder do governo na ALPB, Ricardo Barbosa.
O líder também destaca, como ponto mais importante para a gestão de Azevêdo, o foco administrativo que ele tem conseguido manter, mesmo convivendo com arrufos políticos e até provocações partidas de alguns aliados do ex-governador Ricardo Coutinho. Barbosa, na semana passada, informou à imprensa que a determinação expressa do governador atual é a de não alimentar polêmica com o grupo do ex-governador Ricardo Coutinho, para não se desviar da prioridade administrativa. Exemplifica o parlamentar que, semanalmente, João Azevêdo tem segurado uma agenda intensa de inaugurações de obras e de assinaturas de ordens de serviço para novas realizações administrativas. O governador, em conversas informais, costuma lembrar que não paralisou serviços iniciados na gestão do antecessor por razões de divergência política. Deixou claro que se rege pelo interesse público e pelos compromissos assumidos como candidato a governador.
Uma alta fonte do PSB paraibano avaliou, com exclusividade, para o site “Os Guedes”, que, em tese, parece haver uma trégua entre os aliados de Ricardo Coutinho e de João Azevêdo. Mas prevê a mesma fonte que a situação não está sob controle, alegando que há pendências ainda por desabrochar, numa referência aos desdobramentos da Operação Calvário, que já atingiu auxiliares das gestões de Coutinho, bem como às definições que são ansiosamente esperadas em torno do controle do Partido Socialista na Paraíba. Esse último ponto é tido como crucial, pela perspectiva de eleições a prefeito de João Pessoa e Campina Grande, nas quais dificilmente, à primeira vista, Ricardo e Azevêdo estarão aliados nos mesmos palanques.
Nonato Guedes