Enquanto partidos como PSDB, DEM e PTB promovem eventos de formação política, preparando quadros para a disputa municipal a prefeito, vice-prefeito e vereador no próximo ano, na Paraíba, o MDB presidido pelo senador José Maranhão não se mexe nem sinaliza qualquer estratégia em relação às eleições, desmotivando filiados de uma agremiação que perdeu quadros valiosos como o vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, atualmente no Solidariedade, e Veneziano Vital do Rêgo, que se elegeu senador pelo PSB em 2018. O MDB está praticamente restrito, em termos de representatividade, à presença de Maranhão no Senado e do deputado Raniery Paulino na Assembleia Legislativa, sem dispor de pelo menos um deputado federal.
Interlocutores e fontes ligadas ao senador José Maranhão não descartam, sequer, a possibilidade de o parlamentar lançar-se candidato à prefeitura da Capital, reduto onde o antigo PMDB que era presidido pelo senador Humberto Lucena foi influente, contribuindo para decidir resultados eleitorais, mediante coligações. No pleito de 2018, Maranhão, que já foi governador por três vezes, fracassou na tentativa de voltar ao Palácio da Redenção. Ele acabou ficando em terceiro lugar no primeiro turno, abaixo de Lucélio Cartaxo (PV) e João Azevêdo (PSB), este vitorioso, após ter largado em vantagem nas pesquisas de opinião pública, inclusive, do Ibope. Maranhão não logrou, porém, montar um esquema forte ou competitivo que lhe assegurasse respaldo para confrontar os adversários.
A atuação de Maranhão como senador, cujo mandato se estenderá até 2022, tem sido praticamente obscura, sem expressão. O único momento de destaque alcançado por ele na mídia nacional foi quando atuou na coordenação do processo de eleição da nova Mesa Diretora da Casa, que resultou na escolha de Davi Alcolumbre, do DEM do Amapá, para presidir a instituição. Maranhão envolveu-se, inclusive, num incidente sobre suposta contagem equivocada de votos, o que foi contornado sem maiores consequências pela própria Mesa da Casa. Não há registro de discursos de impacto do senador emedebista paraibano ou de intervenções relevantes. Em outra legislatura, Maranhão chegou a presidir a poderosa Comissão Mista de Orçamento do Senado. Mas o peso da idade, o esvaziamento nacional do MDB e a sua longevidade no exercício de cargos políticos parecem estar contribuindo para sinalizar o processo inexorável de ocaso, ou, como se diz no jargão político, do canto do cisne.
O estilo centralizador de Maranhão no comando do partido, sem delegar atribuições nem investir na renovação de quadros, é apontado por ex-peemedebistas como um dos fatores do enfraquecimento do MDB, coincidindo com a perda de espaços no plano nacional. Embora o último presidente da República, Michel Temer, fosse oriundo dos quadros do PMDB-MDB, o partido não conseguiu maior expressividade no poder nem no cenário político nacional. Temer assumiu na condição de vice, em virtude do impeachment de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, acusada da prática de pedaladas fiscais pelo Tribunal de Contas da União e de outras irregularidades administrativas. Temer, após deixar o cargo, chegou a ser preso no bojo de investigações que vinham se desenrolando desde quando era presidente da República e envolvendo acumulação de vantagens ilícitas. O partido não tem destaque no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nem está no comando de governos de Estados influentes como São Paulo e Rio de Janeiro.
Nonato Guedes