O advogado e ex-secretário-geral do diretório do Partido Socialista Brasileiro no Estado, Flávio Moreira, informou ter recebido do diretório nacional do PSB a lista que supostamente conteria a renúncia coletiva de 51% dos membros daquele organismo, o que deu causa à destituição da direção paraibana e ao afastamento de Edvaldo Rosas da presidência. “Ao analisar os nomes, constatei que, de fato, o que houve foi um golpe e que a tal lista foi uma fraude”, asseverou Flávio Moreira. Ele estava em Brasília a serviço, como advogado, e resolveu protocolar requerimento à direção nacional, tendo recebido as informações conclusivas ainda na tarde de segunda-feira.
Diante dos fatos que considera graves, afetando o PSB paraibano, Moreira pretende questionar a dissolução do diretório estadual do partido junto à Executiva Nacional da agremiação. “É importante saber se houve indução a erro ou conivência”, alegou. De acordo com o que Moreira relatou a jornalistas, o diretório paraibano tinha 71 integrantes, sendo que dois se retiraram do partido, restando 69. Quando a lista foi conferida, havia 35 assinaturas – três das quais foram desautorizadas após os diretorianos descobrirem que supostamente estavam sendo manobrados. A lista, conforme Flávio, pode causar outro impacto: como há assinaturas de pelo menos 12 ocupantes de primeiro e segundo escalões do governo de João Azevêdo, há dúvida sobre se permaneceriam nos cargos por uma concessão do próprio Azevêdo ou se seriam substituídos por manterem lealdade a Ricardo Coutinho, uma vez estarem à frente de cargos de confiança.
A crise no âmbito do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba não dá sinais de solução rápida, mantendo-se nos bastidores a emulação acirrada entre os grupos do governador João Azevêdo e do ex-governador Ricardo Coutinho, tendo como pano de fundo o controle da agremiação. As trocas de acusações se sucedem, a despeito de apelos esporádicos por uma trégua. Anteontem, a radicalização voltou à tona depois que o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, apontou o deputado federal Gervásio Maia como pivôt do impasse, juntamente com as deputadas estaduais Cida Ramos e Estelizabel Bezerra. Gervásio refutou a insinuação, chegando mesmo a estranhá-la. Nas últimas horas, foi a vez da deputada Estelizabel Bezerra denunciar que estaria ocorrendo um “assédio” do governo João Azevêdo a diretorianos socialistas.
Estelizabel, que passou a ocupar a presidência da comissão provisória do PSB em João Pessoa após a renúncia de Ronaldo Barbosa à presidência do diretório municipal, informou que alguns integrantes do partido teriam entregue “chorando” a carta-renúncia à condição de integrantes do colegiado que dirigia a agremiação. “Existe uma disputa de poder e, hoje, não é o partido que faz críticas ao governo; é o governo que tensiona o partido”, disparou Estelizabel Bezerra, que é aliada declarada do ex-governador Ricardo Coutinho. A cúpula nacional do PSB, presidida por Carlos Siqueira (PSB), tem evitado interferir nos desentendimentos que grassam na seção paraibana, mantendo a expectativa de que as facções em litígio cheguem a um consenso. Isto vem sendo considerado cada vez mais difícil por expoentes do próprio partido, dos dois lados. O governador João Azevêdo volta a focar na rotina administrativa hoje, com a abertura do Campus Academy 2019 no Espaço Cultural, que terá a participação de mais de 450 alunos da rede estadual. A proposta é no sentido de estimular o empreendedorismo e oferecer oportunidades a jovens estudantes.