Mais claro, impossível. O governador João Azevêdo, ainda filiado ao PSB, que está reunido com o secretariado desde a manhã de hoje no Centro de Convenções, em João Pessoa, avisou que o auxiliar que não souber separar as questões partidárias da gestão poderá deixar os quadros da administração estadual. Ele descartou reforma administrativa, mas avisou que para os quatro anos só estão garantidos o seu mandato e o da vice-governadora Lígia Feliciano. “Eu tenho foco no governo. Se você tiver um auxiliar que não souber fazer essa distinção, aí vai ter que deixar o governo. Se tiver pessoas que saibam o que é governo, o que é partido, e façam essa diferenciação…Não estou muito preocupado com isso”, expressou.
A reunião convocada para hoje foi destinada, teoricamente, a planejar as ações para o quarto trimestre. As declarações de Azevêdo sobre a necessidade de distinção entre governo e partido foram feitas logo após o secretário Luiz Couto (PT), da Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido, presente no evento, afirmar que se sentiu desgostoso ao saber do encontro, na semana passada, entre Azevêdo e o ministro-chefe da secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos. Azevêdo, indagado a respeito, procurou afastar o viés ideológico da questão, observando que gosta de ser bem recebido em Brasília e, por isso, procura receber bem os auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Paraíba.
Mesmo descartando “caça às bruxas”, mediante reforma administrativa, o governador apelou para que haja uma separação entre partido e governo para que sejam alcançados resultados favoráveis, em benefício da população paraibana, com quem seu governo tem compromissos maiores. Ele confirmou que estará presente amanhã, em Brasília, à reunião da bancada federal, que também quer agregar os prefeitos de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) e Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), para discutir emendas de bancada ao Orçamento Geral da União. A reunião de hoje constitui-se na primeira do governador João Azevêdo com sua equipe desde a crise instaurada no PSB, com a dissolução do diretório estadual do PSB, por provocação do ex-governador Ricardo Coutinho junto à cúpula nacional do partido, resultando na destituição do secretário de Governo, Edvaldo Rosas, da presidência da executiva socialista. Embora ainda haja auxiliares do governo apostando numa recomposição entre o governador e o antecessor, todos os indícios e as declarações de parte à parte sinalizam para a inviabilidade do entendimento.
Nonato Guedes