Analistas e líderes políticos em João Pessoa avaliam que as eleições realizadas, ontem, para sagração de integrantes de Conselhos Tutelares, órgãos encarregados da proteção à criança e adolescente, representaram um sintoma do atual embate ideológico que divide o país e uma prévia dos futuros embates que serão travados na política-partidária entre aliados e adversários do governo do presidente Jair Bolsonaro, já a partir das eleições municipais de prefeito, vice-prefeito e vereador no próximo ano. O clima de acirramento, visível nas redes sociais, chamou a atenção de observadores, pela virulência de ataques, acima da consistência de propostas.
De acordo com informações, partidos de esquerda confrontaram-se abertamente em grupos de WhatsApp com candidatos conservadores, lançando mão do proselitismo e da estratégia de doutrinação de eleitores que se habilitaram a sufragar nomes para os conselhos. Houve casos em que prevaleceram relações de amizade pessoal, como ficou demonstrado nos pedidos de votos e sugestões de nomes de candidatos ou candidatas, através das redes sociais, o grande palco para a propaganda eleitoral. As informações repassadas na noite de ontem foram no sentido de que o contingente de eleitores em seções de votação cresceu significativamente em relação a anos anteriores.
Uma projeção feita a jornalistas pelo secretário de Desenvolvimento Social da prefeitura de João Pessoa, Diego Tavares – ele próprio cogitado como provável alternativa para disputar a sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV) em 2020 – dava conta de que o contingente de eleitores cresceu quase 300%. No pleito passado, pouco mais de 10 mil pessoas participaram do processo de eleição dos conselhos tutelares e, agora, esse contingente cresceu para 38 mil. Na opinião de Tavares, o desfecho sinalizou que a população demonstra consciência da importância do conselho tutelar. Ele mencionou, ainda, a credibilidade que, a seu ver, detêm a prefeitura e o Conselho Municipal de Assistência Social. A apuração dos votos para conselhos tutelares começou por volta das 18h30, isto porque somente uma das regiões, a da Praia, havia concluído a votação e encaminhado os resultados para uma urna eletrônica da escola Leonel Brizola, na avenida Beira-Rio, onde se deu a apuração. Houve reclamações de supostas irregularidades durante o dia, mas a comissão organizadora não detectou incidentes graves e informou que um amplo esquema de policiamento ofereceu a segurança necessária para a normalidade dos trabalhos de votação e de apuração.