A revista “Veja”, que entrevistou o ministro da Justiça, Sergio Moro, com exclusividade, informa que as ameaças contra ele se intensificaram e que os desafetos colecionados ao longo de cinco anos da Operação Lava-Jato ganharam o reforço de facções criminosas como o PCC. “Sempre recebi ameaças, mas agora toda cautela é necessária porque estamos enfraquecendo essas organizações”, conta o ministro, que também tem sido alvo de especulações múltiplas, como a de que pretende ser candidato a presidente da República em 2022, num ato de traição imperdoável a Bolsonaro, que se anunciou candidato à reeleição. “Eu digo ao presidente que essas notícias sobre uma eventual candidatura são intrigas. Brasília é cheia de intrigas”, reage Moro.
O ex-juiz, ainda conforme “Veja”, enfrenta a resistência de parlamentares, muitos deles envolvidos “até o pescoço” com a Lava-Jato. No Supremo Tribunal Federal, enquanto isso, assiste ao que pode vir a ser o desmantelamento dos principais pilares que sustentaram o êxito da operação. “Mas é de dentro do próprio governo que surgem os maiores fantasmas. Moro é alvo da desconfiança de alguns aliados, muitos deles despachando em gabinetes importantes no terceiro andar do Planalto, bem pertinho do presidente, de onde pipocam informações de que o ministro já foi demitido, já levou descomposturas humilhantes do chefe e, a mais recorrente, a de que estaria pavimentando o caminho para disputar a presidência da República”, acrescenta a matéria de “Veja”.
Segundo Moro, o presidente sabe que ele não vai ser candidato ao Planalto. “Primeiro por uma questão de dever de lealdade. Como é que você vai entrar no governo e vai concorrer com o político que o convidou para participar do governo? Também não vou me filiar ao Podemos nem vou ser candidato a vice. Não tenho perfil político-partidário. Meu candidato em 2022 é o presidente Bolsonaro e pretendo fazer um bom trabalho como ministro até o fim”, explica ele. Acusado de parcialidade na condução da Lava-Jato, o ministro vê ataques direcionados para minar os resultados da operação e assegura, incisivamente, que não houve excesso, ninguém foi preso injustamente e nem houve ilegalidade em mensagens captadas nos celulares de procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. “Houve exagero da imprensa. Esse episódio está todo superdimensionado”, enfatiza Moro.
O ministro se diz tranquilo com sua consciência ao comentar a sua atuação na Lava-Jato, rebater as denúncias de parcialidade quando executor da operação e o episódio da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ele determinou. “Lula está preso porque cometeu crimes”, dispara, dizendo que na cadeia “todo mundo diz que é inocente”, a exemplo do ex-deputado Eduardo Cunha, “mas a Petrobras foi saqueada”. E arremata: “Sempre que há um julgamento importante, dizem que a Lava-Jato vai acabar, que tudo vai acabar. Há um excesso de drama em Brasília (…) O Supremo precisa avaliar bem as consequências de suas decisões”, adverte o ministro da Justiça.