Fontes políticas disseram que o presidente Jair Bolsonaro está praticamente com um pé fora do PSL, partido pelo qual concorreu em 2018 e se elegeu em segundo turno derrotando Fernando Haddad. Ressaltam que a definição surgirá de uma conversa que o presidente da República agendou com o deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional da agremiação. O presidente – que já anunciou sua pretensão de disputar a reeleição em 2022 – estaria se sentindo incomodado com as divergências e crises que tomam conta do partido e que envolvem filhos seus que estão na representação política.
Um dos focos de maior desagregação é São Paulo, onde a deputada federal mais votada da história do país, Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, enfrenta resistências à sua pretensão de disputar a prefeitura da Capital no próximo ano. A forte oposição, de acordo com a revista “Veja”, é oriunda do “clã” presidencial. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, que comanda o diretório paulista, atua nos bastidores para implodir a candidatura, com o apoio do pai, que desconfia de Joice devido à sua boa relação com o governador João Doria, do PSDB, tido como adversário do capitão na disputa pelo Planalto em 2022. Bolsonaro teria dito, sobre Joice: “Ela tem o pé em duas canoas”.
Para obstacular os planos de Joice, Eduardo recriou o diretório municipal, que estava inativo e entregou o comando a Edson Salomão, líder do movimento Direita SP e um dos seus aliados radicais, forçando a convocação de prévias para a escolha do cabeça de chapa do PSL à prefeitura paulistana. O eleitorado de Bolsonaro, segundo Salomão, não absorve a relação de Hasselmann com o PSDB, por ele considerado um segmento de esquerda. A deputada federal Carla Zambelli diz que defende prévias e que Joice não tem, necessariamente, prioridade para ser candidata. Do lado de Joice estaria o senador major Olímpio, que comandou o partido no Estado até 2018 e rompeu com Eduardo e sua turma. “Com essa direção incompetente do PSL-SP, a tendência é não ter candidato ou lançar um “zé ruela”. Bolsonaro vai passar vergonha em São Paulo”, critica. Joice reafirma que será candidata mesmo que tenha que deixar o PSL – ela já articulou conversas com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, do PRTB. Em diversos outros Estados, os conflitos se sucedem de forma acirrada nas hostes do PSL.
Nonato Guedes