Uma matéria da revista “Veja” intitulada “Licença para gastar” informa que deputados e senadores candidatos a prefeituras municipais nas eleições do próximo ano avançam sobre os cofres públicos para fazer bonito nas urnas. A licença para gastar foi garantida pela adoção das emendas impositivas, criadas em 2015. Desde as eleições de 2018, as campanhas são bancadas somente com dinheiro público e de pessoas físicas. Sem as fontes tradicionais de financiamento, os políticos usam essa verba para fazer obras e impulsionar as campanhas em seus redutos eleitorais.
A estratégia de inflar ao máximo os recursos à mão de deputados e senadores tem uma explicação: a partir das próximas eleições, as coligações partidárias deixarão de existir. Se não lograrem formar uma ampla base de prefeitos e vereadores, as agremiações sofrerão com a perda de cotas dos fundos para 2022, quando será travada a eleição presidencial, a mais importante. É por causa disso que o maior contingente de deputados desde 2008 deixará os gabinetes em Brasília para disputar o comando de prefeituras municipais. A estimativa é de que serão oitenta deputados e pelo menos dois senadores que entrarão no páreo eleitoral, de acordo com a consultoria Arko Advice.
A epidemia de parlamentares-candidatos a prefeito não deverá surtir maior efeito na Paraíba, onde senadores e deputados parecem mais inclinados a lançar familiares na disputa e nela jogar o peso da sua influência. A senadora Daniella Ribeiro, do PP, por exemplo, avalia as chances de uma candidatura do filho Lucas Ribeiro, secretário municipal de Tecnologia, na cidade de Campina Grande. Ela, que já concorreu à prefeitura da Rainha da Borborema e foi derrotada por Veneziano Vital do Rêgo, na época no PMDB, prefere reservar-se para embates de maior fôlego investir numa atuação profícua no Congresso Nacional, em parceria com o irmão, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, que é ligado ao “Centrão”. Já o senador Veneziano, hoje filiado ao PSB, acena com a hipótese de lançamento da sua mulher, Ana Cláudia Vital, para concorrer à sucessão do prefeito Romero Rodrigues (PSD).
Em tese, uma candidatura do senador José Maranhão (MDB) a prefeito de João Pessoa é tida como incógnita, já que ele não admite abertamente a ideia e conspiram contra si a idade e o recorde de permanência na vida pública. Mas fontes próximas a Maranhão costumam lembrar que ele é imprevisível – foi assim que, em 2018, lançou-se candidato a governador depois de ter exercido o cargo em três oportunidades. Foi o terceiro colocado no prélio. Maranhão, que preside o diretório regional do partido, está na última etapa do mandato de senador conquistado em 2014 nas urnas. Ele iniciou trajetória política como deputado estadual, sendo um dos mais jovens do país, na década de 1950 e anota no currículo, também, passagem pela Câmara Federal. JM foi cassado pelo regime militar de 1964 por integrar a Frente Parlamentar Nacionalista, considerada “subversiva” pelos donos do poder.
Na Câmara Federal, na bancada paraibana, há muita especulação e nenhuma certeza. O deputado Efraim Filho (Democratas), coordenador da bancada, é cogitado como alternativa para concorrer à prefeitura de João Pessoa. Ele já deixou claro, entretanto, que há outros nomes disponíveis para entrarem na disputa. Ainda hoje, por exemplo, o ex-deputado e ex-vereador por João Raoni Mendes lançou-se como postulante e, correndo por fora, está o deputado Felipe Leitão, que migrou há pouco tempo para o DEM. O deputado federal Wilson Santiago, enquanto isso, articula a provável candidatura de Wilson Filho, deputado estadual, como candidato a prefeito de João Pessoa pelo PTB. Na Assembleia Legislativa será maior o número de detentores de mandato que vão concorrer a prefeituras municipais paraibanas. “Veja” lembra que recentemente os parlamentares aumentaram os fundos eleitoral e partidário, que passaram de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,86 bilhão de reais. A facada maior se deu, porém, no campo das emendas parlamentares: 16,5 bilhões de reais, um recorde histórico. O volume de recursos à disposição de parlamentares equivale a 88,6% do total de dinheiro que estará disponível para o governo federal gastar em 2020: 19,3 bilhões de reais. A dúvida é saber se esse reforço financeiro extraordinário terá poder de fogo suficiente para alavancar candidaturas rumo à vitória no pleito do próximo ano.
Nonato Guedes, com informações de “Veja”
Trabalhar que é bom??? Cobrar pela conclusão das obras da TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO do eixo norte???