Aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro já estão cientes de que ele está “desembarcando” do PSL, partido pelo qual se elegeu em 2018 mas que tem enfrentado denúncias sobre lançamento de “candidaturas laranjas” e outras irregularidades sob apuração pela Justiça Eleitoral. Alvo de ataques recentes do presidente Bolsonaro, o fundador e dirigente do PSL, Luciano Bivar, deputado federal por Pernambuco, afirmou hoje ao UOL Notícias que a intenção do capitão reformado é “descartar” o PSL para tentar se reeleger em 2022.
“No mundo político não dá para entender tudo (…) Bolsonaro é muito intuitivo. No momento que ele tem o sentimento de que é hora de descartar o PSL para ser reeleito, então é uma estratégia”, afirmou Bivar no início desta tarde. O presidente do PSL evitou relacionar a intenção de Bolsonaro em descartar a legenda aos escândalos envolvendo candidaturas laranjas no PSL. “Talvez seja (por isso) na cabeça dele. Eu não sei, como vou entrar no mundo subjetivo do presidente?”, disse, acrescentando: “Talvez seja uma estratégia pessoal”. Ontem, Bolsonaro orientou um apoiador a esquecer o partido e pediu-lhe que não divulgasse um vídeo no qual o presidente citava Bivar dizendo que o deputado está “queimado”. “Esquece o PSL, tá ok? Esquece”, afirmou o presidente.
Apesar da declaração de Bolsonaro, Bivar adotou tom conciliador e afirmou que não conversou com ele depois da polêmica de ontem porque estava em viagem e em compromissos oficiais. Bivar igualmente afirmou que pretende continuar apoiando o partido e que preferia perder sua eleição no ano passado a ver “Jair” perder a dele. Também disse que gosta dos filhos do presidente e que não desembarca do governo mesmo com a saída de Bolsonaro do partido. “Os filhos dele ajudam o partido. Sempre que ouço algo é de respeito a mim, acho eles muito humildes”, assegurou. Acrescentou estar empenhado em tranquilizar a bancada diante do gesto de Bolsonaro. “A gente não vai mudar um milímetro em nossa conduta de apoiar o governo e as reformas. O PSL tem um programa, não é um acidente político. Somos um partido liberal que respeita as instituições e não se presta a atacar pessoas e instituições”, concluiu Luciano Bivar.
Nonato Guedes, com agências