Da Redação, com revista Fórum
A Polícia Federal do ministro da Justiça, Sergio Moro, cumpriu na manhã de hoje mandados de busca e apreensão na casa do deputado federal e presidente do PSL Luciano Bivar (PE), em Recife. A investigação em curso é sobre o esquema das candidaturas de “laranjas” dentro do partido, que também é a sigla do presidente Jair Bolsonaro, embora este já tenha sinalizado que está para desembarcar da sigla e possivelmente ingressar no PRB. Os mandados na casa de Bivar foram autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado, atendendo pedidos da polícia e do Ministério Público.
Reportagens da “Folha de S. Paulo” no começo do ano revelaram que Bivar e aliados criaram uma candidata “de fachada” em Pernambuco, que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. Maria de Lourdes Paixão, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com a verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Jair Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP). Recursos de esquema de candidaturas laranjas do PSL também foram denunciados por suposto desvio para abastecer, por meio de caixa dois, a campanha de Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Haissander Souza de Paula, ex-assessor de Álvaro Antônio e coordenador de sua campanha a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG) disse em depoimento que “acha que parte dos valores depositados par as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Bolsonaro”. Depois da divulgação do esquema, Bolsonaro entrou em guerra com o presidente da sigla e com o próprio PSL. A tensão se agravou depois do comentário do presidente da República em que ele afirmou que Luciano Bivar está queimado e que a sigla deve ser esquecida. A fala gerou grande crise interna dentro do partido.
Através de nota, a defesa do deputado Luciano Bivar, disse considerar estranha a operação que investiga candidatura laranja realizada hoje pela Polícia Federal. O escritório do advogado Ademar Rigueira, representante de Bivar, informou que já foram ouvidas diversas testemunhas e não há indícios de fraude no processo eleitoral. “A busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência política”, afirmou, em nota. Mais cedo, Rigueira disse a alguns sites que a operação era “um absurdo completo”. Disse que o inquérito está se arrastando há muito tempo e que tudo foi esclarecido, não havendo necessidade alguma de busca e apreensão. “A investigação não tem nenhuma prova”, enfatizou.