Nonato Guedes
A jornalista paraibana Rachel Sheherazade, apresentadora do telejornal SBT Brasil, tem revelado sinais de desmotivação no trabalho, na emissora de Sílvio Santos, desde que foi proibida por este de fazer comentários políticos envolvendo o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ela também foi retirada da apresentação do telejornal noturno das sextas-feiras e, para compensar frustrações e evitar maiores explorações por parte de telespectadores, sobretudo dos que não têm empatia com ela, Sheherazade tem buscado cada vez mais “rotas de fuga” do SBT nos finais de semana. No término da apresentação do telejornal da quinta-feira, ela costuma postar em redes sociais que já “Sextou”.
Ultimamente, publiciza imagens de embarques que empreende praticamente todo final de semana, quer para lugares do Brasil distantes de São Paulo, onde trabalha, quer para o exterior. Sheherazade cumpriu, recentemente, roteiro de visitas a Londres, incluindo peregrinação por museus, pela abadia de Westminster, pelas cercanias do Palácio de Buckingham e, naturalmente, pelos estúdios da BBC, onde foi recebida efusivamente por jornalistas brasileiros, com quem fez amizade imediata e a quem agradeceu a cordialidade recebida. A jornalista costuma divulgar, também, postagens de duplo sentido, mencionando filósofos e autores clássicos, com citações que considera apropriadas para a fase que está experimentando.
Sheherazade, que trabalhava na TV Tambaú em João Pessoa, quando foi chamada para trabalhar no SBT em São Paulo, por ordem expressa de Sílvio Santos, que se encantou com o vídeo de um comentário veemente seu sobre o carnaval fora de época na capital paraibana, já foi de um extremo a outro em termos de receptividade junto ao público devido ao seu trabalho profissional. Na Era petista, nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, teve liberdade para criticar as gestões e bater forte no PT, sobretudo por ocasião de escândalos que resultaram em julgamento na Corte Suprema como o do mensalão. Passou a ser fustigada como jornalista “de direita” ou conservadora e bombardeada por simpatizantes do ex-presidente Lula da Silva e do PT.
Investido o governo de Jair Bolsonaro, Rachel Sheherazade, que dava a impressão de simpatizar com propostas do ex-candidato do PSL, sobretudo as de combate à corrupção, vivenciou uma guinada de 360 graus e passou a detonar o novo governo. Enfrentou, porém, resistências muito fortes e reclamações por parte de auxiliares do presidente, possivelmente do próprio Jair Bolsonaro, bem como de empresários que apoiam o atual governo e que repelem quaisquer críticas a ele, enxergando viés ideológico de esquerda nessas posturas. Foi o caso do empresário Luciano Hang, dono da Havan, um dos maiores patrocinadores do SBT, que postou, publicamente, uma mensagem apelando a Sílvio Santos para demitir Rachel Sheherazade, sugerindo que ela era “comunista” e “antipatriótica”.
O contrato de Sheherazade com o SBT ainda tem prazo de validade e alternativa de Sílvio Santos foi a de manter a jornalista paraibana na emissora, contanto que se abstivesse de tecer opiniões públicas. Como reação, Rachel passou a gravar áudios que são publicados no YouTube, em que opina com liberdade sobre diferentes assuntos, inclusive, temas polêmicos envolvendo decisões de Bolsonaro. A jornalista não confirmou as versões de que esteja se preparando para ir trabalhar no exterior. Mas tem postado mensagens cifradas, para alguns, enigmáticas, que sinalizariam uma provável diáspora rumo ao Reino Unido. A conferir!