Desde ontem, o clima é de expectativa depois da decisão do juiz Adhailton Lacet, da Primeira Vara da Infância e da Juventude de João Pessoa, de não consentir a viagem do filho menor do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), Henri, na companhia dele, no roteiro que pretende empreender pela Espanha a pretexto de participar de um seminário sobre questões políticas gerais. Ricardo é presidente da Fundação João Mangabeira, órgão de estudos do PSB nacional e, também, presidente da comissão estadual provisória do Partido Socialista Brasileiro no Estado. Henri é fruto da união de Coutinho com a jornalista Pâmela Bório, ex-primeira-dama da Paraíba, que acionou a Justiça alegando riscos na viagem do filho, diante da sua suspeita de que Coutinho não retornaria tão cedo ao Estado.
A advogada do ex-governador, Ana Carola Lopes Correia, estranhou a determinação do magistrado, chegando a dizer que ficou perplexa, uma vez que ele havia autorizado o embarque de Henri. Anunciou que vai recorrer da medida suspensiva, mediante agravo a ser impetrado o quanto antes. Em princípio, a viagem do ex-gestor paraibano à Espanha está agendada para o próximo dia 22, com previsão de retorno no dia quatro de novembro. Já havia sido decidido o embarque, com Ricardo, da sua atual mulher, Amanda Rodrigues, que foi secretária influente na sua administração, juntamente com dois filhos, que são enteados de Coutinho. A jornalista Pâmela Bório, que se divorciou de Ricardo de forma litigiosa e que tem sustentado batalhas judiciais com ele pela guarda da criança, argumenta que há um quadro de instabilidade na Paraíba, com o transcorrer da Operação Calvário, que apura irregularidades e pagamento de propinas a ex-secretários das gestões de Ricardo Coutinho por parte de organizações sociais contratadas para gestão pactuada de estabelecimentos nas áreas da Saúde e da Educação. A seu ver, isto geraria dúvidas quanto a um apregoado retorno imediato do ex-governador.
O deputado estadual Cabo Gilberto, do PSL, abordou na tribuna da Assembleia Legislativa a viagem do ex-governador Ricardo Coutinho ao exterior, dizendo que é inconveniente devido à incerteza sobre os desdobramentos da Operação Calvário, que quase semanalmente cumpre mandados judiciais de busca e apreensão de documentos e, em alguns casos, de detenção de pessoas implicadas ou arroladas em processos. O deputado pediu, mesmo, a retenção de passaportes do ex-governador socialista e abordou os prejuízos provocados ao Estado da Paraíba pelo que denomina de “organização criminosa”, cujos tentáculos teriam se tornado visíveis nas gestões empalmadas por Ricardo Coutinho no período de 2011 a 2018.