Da Redação, com revista “Fórum”
O ex-ministro Ciro Gomes, presidenciável pelo PDT em 2018, voltou a disparar sua “metralhadora giratória”. Antes de participar da convenção estadual do PDT, ontem, em Florianópolis, Santa Catarina, ele, que é vice-presidente nacional do partido, concedeu entrevista ao NSC Total, em que comentou a declaração de Lula da Silva em referência ao filme “Central do Brasil”: “Vi a Fernanda Montenegro tentando ajudar aquele menino nervoso, rebelde. Lembrei do Ciro. Gostaria que Ciro permitisse que eu fosse a Fernanda Montenegro dele”, afirmou o ex-presidente.
A resposta de Gomes foi em forma de ataque: “O Lula não está nada bem. É claro que se deve ter bom humor, mas o Lula não está nada bem. O personagem da Fernanda Montenegro, para quem viu o filme Central do Brasil, é de uma pessoa muito desonesta, que recebe dinheiro de pessoas pobres e analfabetas para escrever cartas por elas. Joga as cartas fora e guarda o dinheiro. A criança, ela começa a negociar para vender os órgãos. É um ato falho (de Lula) que não quero comentar porque não é feliz a metáfora”, disse.
E acrescentou Ciro: “Embora dali você tire que o Lula, depois de todo esse sofrimento, parece não ter aprendido nada. Ele se vê como o Pelé e vê as outras pessoas, mesmo as que conhece há mais de 30 anos, como crianças a serem protegidas. Uma coisa que não guarda a menor coerência com a política. E revela muito o estado de coisas do Brasil, que é esse culto à personalidade, que ele estimula e que está travando o debate nacional”. Ciro atacou novamente o PT: “O Brasil precisa de um projeto muito mais amplo do que aquilo que se convenciona chamar esquerda. E se tivermos em conta que o adjetivo “esquerda” também foi corrompido pelas práticas burocráticas do PT, você está estigmatizando o adjetivo e deixando a população vulnerável a essas mistificações de direita. O que nós precisamos, no Brasil, é proteger o povo dessas manipulações, que nada mais são do que propaganda, porque ninguém é de esquerda porque se diz. A economia política que o PT praticou é ultraconservadora”.
O ex-ministro acredita na renúncia de Jair Bolsonaro e justificou o que chama de mero palpite. “Duas coisas a história do Brasil e a psicologia do Bolsonaro, que eu conheço relativamente de perto. Só três presidentes na história moderna terminaram o mandato. Juscelino Kubitscheck, Fernando Henrique e Lula. Fernando Henrique nunca mais conseguiu ganhar uma eleição e o Lula está na cadeia. A história do Brasil é muito cruel, a probabilidade de não se terminar o mandato é a regra. A segunda razão, que casa com essa de forma muito ameaçadora, é que o Bolsonaro não tem nenhum treinamento na contradição”, argumentou. Ciro comparou Bolsonaro a “uma alma autoritária”, e disse queele viveu a vida inteira de carguinho, “de mamatinha”. Finalizou: “Ele (Bolsonaro) era um solitário, nunca trabalhou em equipe, nunca administrou uma pequena mercearia para compreender as tensões”.