Da Redação, com “O Estado de S. Paulo”
Oito governadores do Nordeste, entre os quais o paraibano João Azevêdo, assinaram carta em solidariedade ao colega de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), chamado de “espertalhão” pelo presidente Jair Bolsonaro por fazer propaganda da versão estadual do décimo terceiro salário do Bolsa Família, um programa federal. Em mensagem publicada no Twitter, Bolsonaro atacou o gestor pernambucano, escrevendo: “A desonestidade ainda persiste na política. O espertalhão da vez agora é o governador de Pernambuco, do PSB. Mas o povo de bem reage às mentiras”. Bolsonaro também postou um vídeo de um homem criticando a iniciativa do governador.
Câmara respondeu que em abril, antes de Bolsonaro assinar a Medida Provisória que instituiu o pagamento do décimo terceiro para beneficiários do Bolsa Família, o projeto já havia sido aprovado em Pernambuco pela Assembleia Legislativa. A MP de Bolsonaro foi assinada nesta semana. “A campanha eleitoral terminou. Em qualquer tempo, não faz sentido dedicar energias apenas para fabricar intrigas. É hora de governar. Fomentar falsas polêmicas só gera mais atraso. O Brasil tem 12 milhões de desempregados, com aumento da informalidade”, disse Câmara, também pelo Twitter. Os governadores saíram em sua defesa sob o argumento de que, “além de inverídica”, a mensagem publicada por Bolsonaro possuía um “tom inaceitável” e tornava-se ainda mais grave por ser assinada pela mais alta autoridade do Executivo.
– É profundamente lamentável que a missão confiada ao atual presidente seja transformada em um vergonhoso exercício de grosserias e, neste caso, também na propagação de falsidades – afirma a carta, classificada pelos signatários como “nota de repúdio”. Para os governadores, a ”verdade dos fatos” prevaleceu na resposta de Câmara a Bolsonaro. “O Brasil precisa de seriedade, solidariedade, espírito público e entendimento. O país precisa de reunião de esforços para superar enormes desafios. É fundamental que este compromisso, que todos esperamos ver cumprido pelos gestores públicos, não seja debochadamente ignorado por alguém que deveria ser uma de suas maiores referências”, frisa o texto, assinado pelos governadores Rui Costa (Bahia), Renan Filho (Alagoas), Flávio Dino (Maranhão), João Azevêdo (Paraíba, Wellington Dias (Piauí), Belivaldo Chagas (Sergipe) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte).