O deputado federal Delegado Waldir (GO) deixou a liderança do PSL na Câmara após o líder do governo apresentar uma lista com 29 nomes favoráveis à indicação do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP). O líder do governo na Casa, Major Vítor Hugo (PSL-GO), entregou a lista à secretaria-geral da Câmara e o anúncio veio depois que o presidente do PSL, Luciano Bivar, informou ao presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) que por “questões estatutárias” não era mais válida a suspensão temporária das atividades partidárias de cinco deputados do PSL, determinada na sexta-feira, 18.
Com a medida de Bivar, os deputados Carlos Zambelli, de São Paulo, Bibo Nunes, do Rio Grande do Sul, Filipe Barros, do Paraná, Carlos Jordy (RJ) e Alê Silva (Minas Gerais) puderam assinar a lista pró-Eduardo, que tem 29 nomes, dois a mais que os 27 necessários para a troca na liderança da sigla, cuja bancada conta com 53 deputados. “Venho a público fazer um esclarecimento. O meu partido, o PSL, decidiu retirar a ação de suspensão de cinco parlamentares. E aceitamos democraticamente uma nova lista que foi feita por parlamentares. Já estarei à disposição do novo líder para, de forma transparente, passar para ele toda a liderança do PSL”, disse Waldir, em um vídeo.
A troca de Waldir por Eduardo Bolsonaro na liderança do PSL é o desfecho de uma crise nascida de outra, a briga entre Bolsonaro e Bivar pelo comando do PSL, que pode levar o presidente Jair Bolsonaro a deixar o partido. A mudança envolveu articulação pessoal do presidente, gravado por um deputado, enquanto orientava a formação de uma lista para destituir o agora ex-líder. Com 27 nomes, a relação entregue à Câmara pela ala bolsonarista foi superada por uma outra, com 32 nomes, que defendia a permanência do Delegado Waldir e acabou validada pela Casa.
Depois de dizer em outra gravação vazada na semana passada que iria “implodir” Jair Bolsonaro, a quem chegou a chamar de “vagabundo”, Delegado Waldir afirmou nesta segunda-feira que não é subordinado a nenhum governador,a nenhum presidente, mas, sim, ao seu eleitor. “Vou continuar defendendo as prerrogativas do Parlamento. Nós não rasgamos a Constituição ainda. A Constituição prevê que o Executivo não deve interferir no Parlamento em nenhuma ação”, declarou.