Da Redação, com “Folha de São Paulo”
Em sua chegada ao Japão, na viagem de mais de dez dias que fará pelo continente asiático, o presidente Jair Bolsonaro minimizou, hoje, a crise no PSL, admitindo que tem havido um “bate-boca exacerbado” mas que “o bem vencerá o mal” no desfecho do conflito. Em uma caminhada pela região central de Tóquio, o presidente avaliou que a maioria dos integrantes da legenda é nova na política e que nunca viu, em lugar nenhum do mundo, um linguajar como o usado na troca de ataques entre os integrantes da sigla nas trocas de ataques entre expoentes do partido nas últimas semanas.
Mesmo assim, o presidente externou a esperança de que as cicatrizes sejam curadas e que o consenso volte a prevalecer. Do bombardeio interno não escapou o deputado federal paraibano Julian Lemos, que está no primeiro mandato, e que se atritou com filhos do presidente Bolsonaro ao defender o grupo de Luciano Bivar, que passou a ser considerado dissidente no Palácio do Planalto. Ainda nas últimas horas, Julian Lemos desdobrava-se em redes sociais na prestação de esclarecimento sobre sua verdadeira posição, diante de versões desencontradas que, conforme ele, teriam sido disseminadas pela mídia sulista e paraibana.
O deputado federal Alexandre Frota (SP) foi um dos primeiros a pular fora do barco do PSL e agora vê seus aliados como inimigos, conforme revela matéria da revista “Fórum”. O principal alvo dele é o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro. O deputado disse que atualmente tem verdadeira repulsa ao presidente e aceita até que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saia da prisão para “criar um radicalismo no Brasil”. Acrescentou Frota: “Minha guerra com Bolsonaro será sem sentimentos até o fim. Meu nojo, desprezo e ódio por ele são grandes que vale até o Lula solto para criar um radicalismo no Brasil. Jair é confusão e, se é confusão que ele quer, terá essa confusão. Eu não vou medir esforços para tirá-lo de lá”, postou Frota em seu Twitter.
Em recente entrevista ao “Brasil 247”, o deputado disse que Bolsonaro pediu a sua cabeça para o presidente do partido, Luciano Bivar (PE) e por esse motivo saiu do PSL e hoje integra os quadros do PSDB. Uma outra figura de expressão do PSL desiludida com o presidente Bolsonaro é a deputada federal Joice Hasselmann (SP), que até então era defensora intransigente do mandatário, mas que no bojo da crise do PSL e dos incidentes com filhos de Bolsonaro foi destituída da posição de líder do governo na Câmara. Desde então, Joice não tem poupado Bolsonaro e seus filhos de críticas contundentes, ironizando, inclusive, a insistência do deputado federal Eduardo em querer ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos. A candidatura de Joice à prefeitura de São Paulo é tida como praticamente “rifada” dentro do PSL, o que a levará a ingressar em outra legenda para manter o projeto.