Nonato Guedes
Alvo de tríplice homenagem, ontem – pelo seu aniversário e agraciado com o título de “Cidadão Pessoense” e com a Medalha “Epitácio Pessoa”, a mais alta condecoração do Legislativo estadual – o deputado Adriano César Galdino de Araújo já é sócio do clube de líderes políticos emergentes na Paraíba. Tríplice coroado como presidente da Assembleia, o discípulo dos ensinamentos do Padre Galvão, de Pocinhos, é reconhecido em todas as áreas como fiador da governabilidade tocada por João Azevêdo em meio à turbulência remanescente da Era Ricardo Coutinho (PSB) e que foi parar nas malhas de uma certa Operação Calvário, desencadeada por Gaeco e Ministério Público.
Na prolixa saudação que fez ao dirigente da ALPB – na verdade, uma recapitulação da trajetória de luta empreendida por ele – o deputado Ricardo Barbosa aludiu a “contumazes lampejos premonitórios” como alegoria para situar o perfil de Galdino no contexto da conjuntura tabajara. No resumo da ópera, o líder do governo definiu como característica marcante do homenageado ilustre a “vocação de servir”. O que se dizia entre jornalistas e políticos que tornaram a cerimônia de ontem uma das mais concorridas da Assembleia era que Adriano Galdino está, naturalmente, fadado a voos maiores, por vir se credenciando a tanto pela sua postura de diálogo, pela competência administrativa que exibe e pelo papel que conquistou de interlocutor relevante no debate institucional da Paraíba e, por extensão, do Nordeste.
Ele rege a pauta da Assembleia com equilíbrio e antenado com a responsabilidade social que sabe caber ao Poder, sobretudo, pela sua afluência como caixa de ressonância mais autêntica da sociedade, estuário de demandas nascidas no conflito de ideias, que é o que legitima a democracia. Tem procurado manter a instituição legislativa acima de episódios que podem vulnerá-la fortuitamente, em situações excepcionais como a atual, que feriu fundo, prioritariamente, o Poder Executivo. Galdino teve a acuidade de firmar com o governador João Azevêdo um pacto sólido pela governabilidade, sem prejuízo da autonomia que é intrínseca ao que o ex-presidente Evaldo Gonçalves chamava de “poder desarmado, por vezes franciscano” mas que sempre foi o mais próximo do cidadão comum, na interpretação dos seus anseios e no encaminhamento das suas reivindicações a poderes competentes.
O atual presidente logrou materializar uma meta que todo dirigente da Casa persegue – a da transparência ou democratização dos mecanismos de representatividade política-popular, de tal sorte que a voz rouca das ruas encontre eco e, por via de consequência, solução para os desafios mais prementes. Enquanto Azevêdo busca somar forças no âmbito do Fórum de Governadores do Nordeste, até para fazer frente a investidas equivocadas do governo do presidente Jair Bolsonaro em relação aos pleitos desta região, tão sacrificada, Adriano César Galdino de Araújo estabelece pontes com a Unale, a União Nacional dos Legislativos, e com outros organismos que defendem as bandeiras do Parlamento como essenciais para o fortalecimento do regime democrático e para a garantia do exercício da Cidadania Plena.
A combinação de conhecimento da realidade com sensibilidade aguda para o mister a que está destinado, como representante do povo, tem impulsionado o avanço da agenda que o presidente da Assembleia põe em execução, agindo de forma colegiada, descentralizando decisões e oxigenando o funcionamento da Casa para que ela seja, indubitavelmente, o espelho da sociedade. A articulação política que ele empreende de forma obstinada se estende ao Poder Judiciário, a partir do reconhecimento da importância capital desse segmento para completar o ciclo da governabilidade com equilíbrio e com respeito. Essa postura do dirigente da ALPB suscita inevitáveis projeções sobre passos mais abrangentes que ele pode palmilhar. Ainda que Galdino não endosse tais projeções, desenvolve ações que só podem fazer reforçar tais expectativas.
Tudo isto é importante para a Paraíba em virtude das tempestades irrompidas na seara do Executivo e que colheram de surpresa parcelas representativas da população, até então bombardeadas psicologicamente pelo discurso de mudança radical nos costumes políticos e, na sequência, frustradas com acontecimentos que deslustraram toda a retórica ensaiada com afinco para demonstrar que o Estado havia sido reinventado por obra e graça de gestores “iluminados” e supostamente predestinados a recontar a História a partir da presença deles em função de protagonismo. Sem essas veleidades, Adriano Galdino mostra que é possível comandar um Poder e fazê-lo contribuir para a melhoria da Paraíba. Essa é a faceta mais envolvente do seu perfil de homem público, ao qual os paraibanos e paraibanas vão se acostumando naturalmente – e, naturalmente, celebrando.