Kubitschek Pinheiro
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Cá estamos para pro-vocações, das que vêm e vão.
Bumeranguisticamente. Socializar informações e argumentos. Topam? Aliás, quem chegar por último é a mulher do padre. Como é que a gente chama as pessoas que atuam nas Ongs? Ongados?
Circula nas redes sociais um post com a afirmação de que organizações não-governamentais não estão participando nem ali nos mutirões de limpeza do óleo que tem atingido as praias do Nordeste. Eu coloco a minha mão no fogo.
Eu ouço uma voz cantando longe daqui. Outra, cantando no meu ouvido: laia, ladaia, sabadana, ave maria. Aliás, bendito quem vai à igreja e quem não vai, louvado seja São Bento, que jovem, dizem, era tão belo quanto Antônio Bandeiras.
Ontem pela manhã ouvi muitas vozes, quase sussurros na Praça dos 4 Poderes, no velório de Dom Ratão. E não há nada de sobrenatural nisso. A voz de Anaide Beiriz ao longo do Rio Sanhauá está bem longe do ódio, digo óleo negro de João Valentão
Mas voltemos ao piche, ao breu nas cenas dos nativos arrancando o óleo com a mão, na mão dupla dos pescadores desesperados com o milagre dos peixes. Lembrei de Che. Não sei por que guevara, mas lembrei. Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamé. O Dom José Maria Pires fez muito bem, quando teve voz.
Muitos pagam micos, mendigam, gritam e perdem a voz. Centenas não têm voz, mas não perdem a vontade de reclamar. E são todos semelhantes e diferentes, mas, quase nunca têm voz. A voz de Bastinha veio de sua capoeira, que um dia a África aplaudiu a performance A Voz de Maria Bethânia cantando “Melodia Sentimental” de Villa-Lobos, é uma maravilha. A voz do cara que grita com o pé no óleo, pé na lama, piche, parece a mesma dos horrores do Navio Negreiros de Castro Alves.
Uns gritam e atiram, outros desligam a tevê com medo de balas perdidas. Alguém me disse que não existem balas perdidas. Onde estávamos? Ah! Tenho um amigo que é artesão de disparates, mas só via delivery.