Nonato Guedes, com agências
Líderes de projeção do Partido dos Trabalhadores apostam fichas na soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão onde está recolhido, em uma sala da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, mediante reinterpretação de Cortes de Justiça como o Supremo Tribunal Federal sobre penas de condenação aplicadas ao ex-mandatário por acusações como lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Na projeção dessas cabeças coroadas do PT, a liberdade de Lula, sem restrições, ocorreria em tempo hábil para que ele pudesse marcar presença em palanques de candidatos a prefeitos do PT em várias capitais influentes do Brasil, criando as bases para reestruturação da legenda com vistas a uma performance triunfante na própria disputa presidencial em 2022.
Não há ilusão quanto à permissão legal para uma provável candidatura do próprio Lula ao Planalto, futuramente, diante do conflito de entendimento sobre outros processos que ainda restam pendentes na esfera judicial envolvendo o ex-líder metalúrgico do ABC paulista que se elegeu presidente da República em duas ocasiões, nos pleitos de 2002 e 2006. Mas alega-se que a presença de Lula em palanques nas eleições municipais a prefeito no próximo ano em capitais consideradas estratégicas para o projeto de poder do PT motiva a cúpula nacional petista a cogitar, até mesmo, o investimento em candidaturas próprias, sem a preocupação de buscar alianças com outras agremiações.
Em algumas capitais, a situação do PT para as eleições a prefeito é considerada crítica, mas em outras, que teriam maior densidade do ponto de vista político-eleitoral, acredita-se que a legenda ressurgirá em alto estilo, como uma espécie de Fênix. Em ganho de causa, petistas mencionam o desgaste do governo do presidente Jair Bolsonaro, que além de trapalhadas administrativas está às voltas, agora, com uma crise no PSL, partido do mandatário, que não dá sinais de estancar, já que as acusações são frequentes, inclusive, atraindo filhos do presidente que detêm mandatos eletivos no Congresso Nacional.
Em relação a São Paulo, especulações já ventilam candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha à prefeitura no próximo ano, reservando-se o ex-ministro Fernando Haddad para a hipótese de concorrer novamente à presidência da República, já que Lula – mesmo se lograr liberdade – ainda deverá estar sujeito às consequências da chamada Lei da Ficha Limpa, inviabilizando pretensões a curto prazo.
Em João Pessoa, capital da Paraíba, o Partido dos Trabalhadores a dados de hoje está órfão de nomes de peso para concorrer à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV), que irá concluir o segundo mandato consecutivo. A tendência dos petistas locais é a de apoiar uma candidatura do ex-governador e ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, pelo PSB, como retribuição às atenções que Ricardo dispensou, desde governador, tanto ao ex-presidente Lula como à ex-presidente Dilma Rousseff, além de prestigiar quadros locais como o ex-deputado federal Luiz Couto, que recebeu reforço de Ricardo para tentar se eleger senador em 2018, não logrando, contudo, chegar a tanto.
Nos últimos dias, por proposição do deputado federal Anastácio Ribeiro, o PT estadual aprovou moção de solidariedade a Ricardo Coutinho diante de insinuações sobre suposto envolvimento seu com fatos graves que estão sendo apurados em inquéritos da Operação Calvário, sobre irregularidades administrativas. Os petistas paraibanos reclamaram do pré-julgamento de Ricardo, alegando que seu nome não está citado em nenhum depoimento incriminador que tenha sido prestado ao Gaeco e ao Ministério Público do Estado.