Nonato Guedes
Aliados do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), não escondem uma certa apreensão com a disputa à sucessão dele no próximo ano. Alegam que não há nomes competitivos dentro do esquema para vitoriar no pleito vindouro e se desmotivam com a demora de Romero, encarregado de coordenar o processo, em abrir a temporada de conversas informais com os expoentes do grupo, o que poderia dar margem à oposição para juntar forças e apresentar uma chapa com densidade para vencer a parada. O ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), em tese, deveria coordenar as tratativas para a sucessão de Romero, mas após a derrota na campanha pela reeleição em 2018 ele praticamente se exonerou dessa responsabilidade e transferiu a Rodrigues a incumbência.
Pela oposição local, o senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB) examina alternativas viáveis que possibilitem ao seu grupo a retomada da hegemonia política na Rainha da Borborema. Veneziano, que governou a cidade por duas vezes, tendo sido eleito pelo outrora PMDB, no ano passado viabilizou reviravolta, assinando ficha no Partido Socialista a convite do ex-governador Ricardo Coutinho. Diz-se que sua mulher, Ana Cláudia, é o nome “in pectoris”” que está sendo preparado por “Vené” para o embate contra quem quer que seja. Não há confirmação oficial a respeito, mas parece fora de dúvidas que o senador terá papel influente no páreo eleitoral.
Nas hostes do PSDB-PSD, sobressaem deputados estaduais que não foram testados nas urnas em eleições a prefeito. O candidato mais forte, segundo “experts”, ainda seria Cássio Cunha Lima, não obstante a derrota que ele atribuiu à “tsunami” política que varreu o país em 2018. Cássio, que foi prefeito três vezes, não se abala a encarar o desafio outra vez. Seu filho, o deputado federal reeleito Pedro Cunha Lima, cuja votação foi reduzida no último pleito, não sinaliza disposição em concorrer. Correndo por fora, em Campina Grande, está o grupo da senadora Daniella Ribeiro (PP), que apostaria fichas na candidatura do seu filho, Lucas Ribeiro, até como estratégia para sensibilizar o segmento jovem. Daniella foi aliada de Cássio na dobradinha ao Senado no ano passado, mas anda com suas próprias pernas, integrando um grupo familiar que tem como expoentes, ainda, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro e o vice-prefeito de Campina, Enivaldo Ribeiro, ex-deputado federal e estadual. O “staff” do governador João Azevêdo ainda não se manifestou sobre sua performance na campanha. Veneziano espera atrair para o palanque do PSB o ex-governador Ricardo Coutinho, que no momento está rompido com Azevêdo.
Os adversários de Romero Rodrigues e do ex-senador Cássio tentarão transformar a disputa em plebiscito da administração municipal, sustentando posição de ataque ao gestor atual em pontos vulneráveis que seriam flagrantes. Há insinuações e expectativa, também, quanto a desgaste das gestões de Romero, que no ano passado lançou a mulher, a doutora Micheline, como vice na chapa ao governo do Estado encabeçada pelo candidato Lucélio Cartaxo, do PV, que ficou em segundo lugar, a uma boa distância de João Azevêdo. Até então a doutora Micheline era neófita em embates políticos. No plano nacional, Romero é muito mais alinhado com o presidente Jair Bolsonaro do que o deputado federal Pedro Cunha Lima e o ex-senador Cássio Cunha Lima. Apesar da guerra travada pelo presidente contra governadores de Estados nordestinos, Bolsonaro tem contemplado Campina Grande com obras e investimentos de vulto e agendou visita à Rainha da Borborema, que foi desmarcada mais de uma vez devido a compromissos inadiáveis.
Outras candidaturas deverão eclodir no cenário campinense para o próximo ano. O médico e empresário Dalton Gadelha, irmão do ex-senador Marcondes, do PSC, anunciou que pretende postular a prefeitura e antecipou que pretende implementar em Campina Grande um modelo inédito de administração pública, baseado na sua experiência na iniciativa privada. Segundo maior colégio eleitoral do Estado, Campina Grande é considerada decisiva em campanhas majoritárias ao governo do Estado, às vezes exercendo o papel de divisor de águas entre correntes que polarizam as tendências do eleitorado. A cidade se alterna na geografia política estadual com nomes à vice-governança ou ao governo. A atual vice-governadora, Lígia Feliciano (PDT), foi vice de Ricardo Coutinho, tendo sido mantida na chapa por João Azevêdo, após a superação de desconfianças sobre governo paralelo que presumivelmente estaria articulando. Para a eleição ao governo em 2022, lideranças campinenses investirão em cabeça de chapa, mas terão que passar pelo teste de fogo refletido na eleição municipal do próximo ano.