Uma festa em homenagem a cultura popular em plena praça pública. Este será o cenário do XV Tributo a Otacílio Batista – A Poesia Vive, onde vários artistas vão presentar o público com muita cantoria de viola, declamação e música popular brasileira, no clima típico dos festivais de música realizados na rua, com total interatividade entre músicos e plateia. O Tributo deste ano, que resgata a obra do autor de ‘Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor’, tem início às 19h, do dia 26 deste mês, uma noite de sábado, e será realizado na recém-inaugurada Praça Otacílio Batista, localizada no Bairro Brisamar (pertinho do antigo Bar O Visual, hoje Ancoreta). Neste Bairro o poeta morou boa parte de sua vida e morreu em sua casa, na manhã do dia 5 de agosto de 2003.
Com apoio cultural da Funjope e de O Sebo Cultural, o Tributo a Otacílio Batista vai renuir nomes como o repentista Daudeth Bandeira, o rabequista Beto Brito, a intérprete e filha de Oltacílio, Sílvia Patriota, o Coral Voz Ativa, o cantor Yuri Carvalho, e o poeta cantador da região de Guarabira, Antônio Costa. O evento ainda traz as participações especiais dos irmãos declamadores, Raimundo Patriota e José Patriota, e o premiado posta e ensaísta cearense Cleudon Chaves Jr., que será acompanhado do maestro João Linhares. É este time de artistas que dará o tom da homenagem àquele que também foi conhecido como ‘A Voz do Uirapuru’.
“Otacílio Batista foi um maiores poetas populares de todos os tempos. Oor isso a longevidade dessa homenagem. Ele era o irmão mais novo da Trindade Batista, ainda composta pelos grandes Lourival Batista e Dimas Batista”, comentou o organizador do evento e filho de Otacílio, o jornalista Fernando Patriota.
O homenageado nasceu no 26 de setembro de 1923, na Vila Umburanas, na região do Pajeú das Flores, hoje município de Itapetim/PE. Radicado em João Pessoa, Otacílio Batista ficou conhecido nacionalmente pelos seus versos impressionantes – sempre feitos de improviso – e pelas inúmeras letras que compôs para vários intérpretes na Música Popular Brasileira. Ele também ficou conhecido como “A Voz do Uirapuru” e fez dupla com lendas do improviso, a exemplo de Cego Aderaldo, Pinto do Monteiro, Dimas, Batista, Lourival Batista, Diniz Vitorino, Oliveira de Panelas, Daudethe Bandeira, Pedro Bandeira, entre outros.
Em parceria com o poeta e professor Francisco Linhares, Otacílio Batista, lançou a Antologia Ilustrada dos Cantadores. (1976 e 1982). Esse livro é considerado a “Bíblia da Cantoria”, onde estão registrados a vida e obra de 300 repentistas. Antes, em 1971, Otacílio Batista escreveu Poemas e Canções. Depois da segunda edição de Antologia, ele publicou Poemas que o Povo Pede, Ria até Cair de Costa (1982); Caçador de Veados (1987); O Que me falta fazer mais (1990); Poemas Escolhidos (1993); os autobiográficos, Os Três Irmãos Cantadores (1995) e Dois Poetas do Povo e da Viola, com Oliveira de Panelas (1996). Ainda publicou A Criança Abandonada e outros poemas; Os Versos Apimentados do Velho João Mandioca e os cordéis: Zé Limeira, poeta dos disparates, Apelo ao Papa, Peleja de Otacílio Batista com Zé Ramalho, Dr. Alisando Cresce, Os Bichos contra a Ciência, O Namoro de Hoje em Dia e A Morte de Padre Zé. É autor da letra:
A música Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor, gravada por Amelinha e Zé Ramalho em 1982, serviu de trilha sonora para o seriado da Rede Globo, “Lampião”. Outra sua, O papa e o jegue letra, foi gravada por Luís Gonzaga. Pinto do Acordeon gravou de sua autoria Dólar e o Cruzado.
Sua discografia também é vasta. Durante sua carreira o poeta gravou: Cantador, Verso e Viola (com Lourival Batista, 1983); Viola, Verso e Viola, com os irmãos Batista e Diniz Vitorino (1973); Repentistas, os Gigantes do Improviso, com Diniz Vitorino (1973); Apelo ao Papa, com Pedro Bandeira (1980); Otacílio Batista do Pajeú (1982); Só Deus improvisa mais, com Oliveira de Panelas, (1979), Mec 1984 e Meio Século de Viola (1989). Outras participações especiais: Coletânea de Repentistas: Canção “Lua Divina”, gravada por Oliveira de Panelas, 1975; Nordeste: Cordel, Repente: canção: “gado bom quem tem sou eu” gravado por ele próprio.
Otacílio Batista também foi tema de matérias jornalísticas em alguns dos principais veículos de comunicação do país, como Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Veja. Sua vida e obra inspiraram documentarista de várias universidades, a exemplo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da TV João Pessoa. Seu nome está registrado em dezenas de monografias e o livro Antologia Ilustrada dos Cantadores figura nas prateleiras da Biblioteca Central de Moscou, uma das mais importantes do mundo. O papa João Paulo II, quando fez sua visita ao Brasil, em 1980, Otacílio Batista cantou para sua santidade, no Estádio Castelão, em Fortaleza e lhe entregou um exemplar de Criança Abandona.
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