Nonato Guedes
O deputado federal Gervásio Filho (PSB-PB), vice-líder da oposição na Câmara, manifestou apoio irrestrito à proposta de autoria do deputado pernambucano João Campos para instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar o fenômeno das manchas de óleo que estão invadindo as praias do litoral do Nordeste. Através da CPI, os deputados querem descobrir os responsáveis por um dos maiores desastres ambientais registrados este ano, bem como identificar o que está por trás do derramamento de óleo. Enfim, desejam propor mudanças severas na legislação ambiental, para punir com rigor quem causar danos como estes.
Mais de duzentos parlamentares subscreveram o pedido de instalação da CPI, comprovando que o tema ganhou repercussão preocupante no Congresso. O governador da Paraíba, João Azevêdo, antes de uma viagem a Brasília para contatos administrativos, reuniu autoridades e representantes de órgãos ambientais para definir um sistema de monitoramento e acompanhamento da extensão do vazamento de óleo na região, diante do receio de que o litoral paraibano venha a ser afetado. Entre os deputados subscritores da CPI, o consenso é o de que há necessidade de medidas urgentes com vistas a garantir que novos desastres dessa natureza não venham a acontecer no país. O presidente Jair Bolsonaro (PSL), em viagem ao exterior, informou o propósito de acionar a Organização dos Estados Americanos-OEA para obter explicações junto ao governo da Venezuela, diante das insinuações de que o derramamento de óleo no Nordeste parte de petroleiros com bandeira daquele país em trânsito pelo território brasileiro.
O promotor de Justiça Valério Marinho, um estudioso do fenômeno das correntes marinhas, aproveitou a polêmica em torno do assunto para incentivar a promoção do turismo na Paraíba. Em postagem que o colunista Abelardo Jurema veiculou hoje no “Correio da Paraíba”, Bronzeado ressalta: “Quem estiver cancelando reservas para passar temporada no Nordeste pode vir para a Paraíba, que, até agora, não foi atingida pelo óleo devido à sua condição geográfica. A Paraíba está no centro, onde há uma bifurcação marítima de Benguela, que se transforma na corrente das Guianas e na do Brasil. A corrente brasileira levou o óleo de Pernambuco até à Bahia pelo sul. A corrente das guianas levou a poluição do Rio Grande do Norte até o Maranhão, ao norte, poupando a Paraíba. Devido à sua peculiar posição geográfica, os impactos na Paraíba foram mínimos, praticamente inexistentes. A gente pode caminhar pela praia e não avistar um pingo de óleo”, expressou Valério Bronzeado, desfazendo as versões de que o derramamento de óleo poderia atingir a Paraíba via Pitimbu, na divisa com o Estado de Pernambuco.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que tem sido alvo de críticas pela falta de definição de políticas preventivas em relação ao setor, no Brasil, já foi convocado para ir ao Senado Federal prestar esclarecimentos sobre as medidas adotadas até agora para conter as manchas de óleo que se espalham pelo litoral do Nordeste. Salles falará aos senadores da Comissão de Meio Ambiente, que elaboraram documento no qual pedem ao governo que seja decretada emergência ambiental, a fim de facilitar a liberação de recursos financeiros, humanos e materiais para enfrentar o vazamento. Diferentes autoridades do governo Bolsonaro têm se manifestado a respeito diante da pressão da sociedade, entre as quais o vice-presidente da República, Hamilton Mourão.