Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Julian Lemos (PSL) não cogita deixar o partido, muito menos romper politicamente com o apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Mas adverte que há limites na sua postura de lealdade ao presidente da República, advertindo aos incautos para não a confundirem com “subserviência ou submissão”. Numa entrevista que concedeu, hoje, ao programa “Correio Debate”, na 98 FM do Sistema Correio de Comunicação, o parlamentar lembrou as dificuldades que enfrentou, ao lado do próprio Bolsonaro, e de militantes do PSL, quando o capitão reformado ainda era um projeto de candidato a presidente da República, não o candidato favorito, como se deu no andamento da campanha eleitoral de 2018.
O parlamentar esclareceu que, lamentavelmente, os filhos do presidente da República não colaboram de forma positiva para o êxito do governo, que já poderia ter avançado bastante no discurso das reformas que foram prometidas em praça pública. Avalia, ao mesmo tempo, que a crise verificada nas hostes do PSL é resultado direto da desagregação promovida não somente pelos filhos do presidente que exercem mandatos eletivos como, também, por outras figuras de expressão no agrupamento partidário, que não contribuem, a seu ver, com ações proativas de fortalecimento da legenda e de ocupação legítima dos espaços políticos.
Julian Lemos lamentou que tenha sofrido restrições ao seu comportamento, alertando que não é um traidor do presidente Jair Bolsonaro nem do seu governo, ao contrário de “conhecidos oportunistas que só têm prejudicado os passos do governo e a relação do presidente com os seus interlocutores”. Lembrou que em ocasiões que teve de conversar abertamente com o presidente Bolsonaro expôs seus pontos de vista focados na mudança de postura e na adoção de um profissionalismo político combinado com o atendimento dos superiores interesses do povo brasileiro. Pelo depoimento do deputado paraibano, Bolsonaro até ouve, passa a impressão de que é receptivo a críticas e sugestões, mas, em termos práticos, deixa-se tornar refém de “grupelhos” que a seu ver não são movidos por interesse público. Julian Lemos deixou claro que não titubeará em oferecer respostas a insinuações que venham a ser feitas envolvendo o seu nome, garantindo que não lhe intimidam os “arreganhos” dos que se julgam donos do espaço no círculo do presidente Jair Bolsonaro.
Ele considera os episódios tanto mais lamentáveis por entender que a opinião pública não estava preparada para desentendimentos de baixo calão como os que têm sido verificados nas hostes do PSL, com troca de acusações e insinuações sobre lançamento de candidaturas laranjas, envolvendo, ainda, recursos do chamado Fundo Partidário. Sugere Julian Lemos que haja uma reflexão acurada por parte dos que estão na linha de tiro do PSL no sentido de dar o mínimo de homogeneidade ao partido e pugnar concretamente pelo seu fortalecimento. “Não se pode perder de vista que a opinião pública reprova certos expedientes que têm descaracterizado o significado das lutas e bandeiras empalmadas pelo PSL”, finalizou o deputado.