Nonato Guedes
Fontes do Palácio da Redenção, reproduzindo fielmente a opinião do governador João Azevêdo, asseguraram hoje que o deputado federal Gervásio Maia caiu, definitivamente, em desgraça, junto ao chefe do Executivo, diante das críticas que ele tem feito a atitudes do gestor e, também, diante da alegada falta de interesse do parlamentar em colaborar com o êxito da gestão Azevêdo. O próprio governador deixou claro, em declarações, que só considera aliados os parlamentares que demonstram, com atos concretos, propósito de colaboração em favor da Paraíba. Gervásio não se enquadraria nesse contexto, a seu ver.
A polêmica envolvendo o deputado, que é ligado ao ex-governador Ricardo Coutinho, ora em rota de colisão com Azevêdo, se arrasta desde a semana passada quando houve desencontro entre ambos num momento crucial para o Estado – a definição de emendas individuais e de bancada ao Orçamento Geral da União, carreando recursos para obras e investimentos por parte do governo de João Azevêdo. O deputado não estava no seu gabinete no momento em que Azevêdo lá chegou para tratar das emendas, mas em trânsito aéreo para a Paraíba. Desculpou-se, depois, frisando que não foi avisado com antecedência da presença do governador em Brasília e reclamou que Azevêdo nunca lhe concedeu audiência, apesar de ter formulado o pleito várias vezes.
Por fim, Gervásio Maia insinuou que o governador trata melhor os deputados ligados ao governo do presidente Jair Bolsonaro na bancada federal paraibana, a exemplo de Julian Lemos, do PSL, que destinou um montante apreciável de recursos para o OGU referentes á Segurança Pública no Estado. Nas últimas horas, Gervásio desafiou jornalistas a provar que ele não apresentou emendas beneficiando o governo Azevêdo e chegou a divulgar planilhas com informações a respeito. As planilhas demonstram que ele carreou recursos, aleatoriamente, para hospitais e outras instituições de municípios das regiões onde atua politicamente, sem focar no conjunto das reivindicações chamadas de “macro” pelo governo do Estado. O governador João Azevêdo entende ter ficado claro o descompromisso de Gervásio com os interesses maiores da Paraíba.
Azevêdo reiterou que dentro do governo adotou a filosofia de recorrer a quaisquer parlamentares interessados em fortalecer as demandas do Estado que precisam ser equacionadas, incluindo obras estruturantes que são reclamadas por segmentos da população. Nesse sentido foi que, no périplo empreendido a Brasília para obter apoios, o governador dirigiu-se a gabinetes suprapartidários e, na sequência, participou de uma reunião ampliada com a bancada para sincronizar as propostas de caráter individual e de âmbito coletivo. Desses contatos participaram figuras como o senador Veneziano Vital do Rêgo, que é filiado ao PSB e o deputado federal Damião Feliciano, do PDT, marido da vice-governadora Lígia Feliciano. Gervásio, em nenhum momento, conforme assegurou o governador, foi receptivo ao diálogo com ele ou comprovou o teor de proposições em favor do Estado como um todo.
Praticamente encerrando a polêmica que o deputado por Catolé do Rocha procura sustentar, o governador João Azevêdo enfatizou que só conta como aliados os parlamentares que realmente arregaçam as mangas para auxiliar o seu governo e procuram abrir canais em Brasília, inclusive, junto ao governo do presidente Bolsonaro, numa estratégia para contemplar a Paraíba, diante das inúmeras carências que o Estado tem. Adverte o chefe do Executivo que é preciso ter grandeza, espírito público e saber separar as questões partidárias do interesse do Estado, prática que ele diz procurar colocar em prática desde que se investiu no comando do Palácio da Redenção. Lamenta a atitude de Gervásio e alerta que a opinião pública mantém-se atenta para cobrar um posicionamento mais firme dos seus representantes.