Kubitschek Pinheiro
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Voltava para casa, na noite de ontem (segunda-feira, 28), com a performance de Guto Requena, furando meu cérebro eletrônico. Ele abriu o INOVA IESP 2019, para uma plateia atenta e silenciosa. O cara é designer, roteirista e escritor brasileiro, mestre em arquitetura pela USP. Especialista em cibercultura e o impacto das novas tecnologias na arquitetura e no design. É muito mais, eu juro.
Aliás, o cara é a cara da gente. Falou durante quase duas horas e foi muito pouco, pelo muito que ele disse e aprendemos. Sentei ao lado da professora Erika Marques, a reitora do Centro Universitário Iesp e, vez em quando olhava para ela, como a perguntar com o olhar, da genialidade que estava no palco.
Estar dentro da cena ou fora dela, que se imagina… ou estar nela plenamente, antes ainda de acontecer com a certeza de que irá acontecer, já aconteceu. Foi incrível a aparição de Guto Requena no Inova Iesp. O arquiteto que não se contenta, não olha para o relógio e sabe que a tecnologia de ponta já não mais aponta e ele cria empatia com projetos mais interativos. Impressionante. Requena mostra espaços em São Paulo, Paris, New York, criados por ele, imagens de árvores da sua infância, que faz da fé cega uma lâmina mais amolada, numa conversão espontânea de acontecimentos, quando o importante é o ser e não só a paisagem. A história de cada um, não só o resumo.
Entre os quereres que chegam das cores e emoções supostas, Requena falou mais da humanidade do que o tijolo com tijolo no desenho lógico dos prédios, ferros e concretos. Mais das relações, do amor, da vontade de criar em cima da emoção do outro, do remoto ao cosmopolitismo. O pé sempre no chão, com seu tênis e calça arregaçada, como se fosse uma camisa.
Com humor e aos Deus dará, ele fala de si mesmo ao buscar as mandalas, em seu pescoço presente, um pedido de casamento de seu namorado. Incrível a evolução!
Uma coerência silenciosamente aberta, que nos acordava. O foco se espalha, enquanto as luzes apagadas das estradas tentam proliferar nas cidades que se acendem no conteúdo de Guto Requena.
Essa longa agonia do inexplicável e, em certos campos, da sujeição de alguém querer governar o país do carnaval partilhável ou não, porque neste caso, um tabu que não se pode por dogma aflorar – transformou a questão em algo incômodo. Guto Requena desmonta esse cenário. Tudo se transforma. Céus? Onde estávamos?
Kapetadas
1 – Olha, a democracia é tão sensacional que muitos políticos e cidadãos a querem só pra si.
2 – Eu odeio quando me respondem ok. Ok?