Por Nonato Guedes
Na contramão da dinâmica dos fatos, a deputada estadual Cida Ramos (PSB) deu declarações otimistas à imprensa apostando fichas numa reaproximação entre o governador João Azevêdo e o ex-governador Ricardo Coutinho, sob o argumento de que ambos foram partícipes de um mesmo projeto e que ficou consensuado nas últimas eleições que a gestão de Azevêdo seria de continuidade das ações empreendidas por Ricardo e do modelo colocado em prática e que, na sua opinião, tem sido aprovado pela maioria da sociedade paraibana. Enquanto isso, de acordo com fontes bem informadas, colidindo com as expectativas da deputada, o governador João Azevêdo teria confidenciado a interlocutores que pretende abreviar o quanto antes a solução do impasse com o seu “desembarque” da legenda, diante das “intervenções” feitas com o aval direto do antecessor.
O atual governador, conforme fontes fidedignas, está ultimando a avaliação das opções partidárias colocadas na mesa para uma migração sua e do grupo que acompanha sua liderança, cogitando a hipótese de ter uma definição antes mesmo de dezembro. Embora tenha prazo para nova filiação partidária, uma vez que não é candidato a curto prazo, o governador João Azevêdo se diz solidário com a inquietação dos seus liderados, que precisam de uma “bússola” partidária diante da iminência de disputas das eleições municipais para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, nas quais estarão engajados de forma decisiva nos diferentes municípios do Estado, a partir de João Pessoa. O deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, confirmou que o ambiente é “irrespirável” nas fileiras socialistas, em face dos desentendimentos verificados com intensidade.
Na avaliação de fontes palacianas ligadas a Azevêdo, a postura agressiva que tem sido adotada pelo deputado federal Gervásio Maia contra o governador apenas radicalizou as divergências. Maia tem postado vídeos e feito pronunciamentos acusando Azevêdo de se compor, preferencialmente, com parlamentares ligados à base do governo do presidente Jair Bolsonaro, enquanto relegaria a segundo plano políticos da base socialista que, inclusive, teriam contribuído decisivamente com empenho para a eleição da chapa majoritária encabeçada por João e pela vice-governadora Lígia Feliciano. Os interlocutores de Azevêdo salientam que o seu interesse maior está focado na definição sobre os aliados com quem, verdadeiramente, conta, para aprovação de matérias encaminhadas pelo Executivo à Assembleia Legislativa do Estado.
O líder Ricardo Barbosa tem dito, por sua vez, que a definição sobre correlação de forças ou sobre aliados concretos é fundamental para o êxito do projeto político-administrativo do governador João Azevêdo que, a seu ver, não pode ficar refém de manobras ou de posições dúbias de parlamentares. “Ao governador, como a qualquer governante, na sua posição, interessa uma clareza ou firmeza de atitudes dos que se declaram seus aliados e participantes solidários do projeto administrativo que está sendo executado”, proclamou Ricardo Barbosa, finalizando que é plenamente compreensível a atitude do chefe do Executivo de dispor de certeza das lealdades políticas no esquema de sustentação, com isto ganhando condições para estruturar a logística das ações que serão postas em execução daqui para a frente.