Da Redação, com Folhapress
A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, considerou uma “provocação” a anunciada ida do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a Curitiba, neste final de semana, para inaugurar uma delegacia sobre investigações de crimes financeiros e de corrupção na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso na sede da PF na capital paranaense, por determinação de Sérgio Moro quando era juiz coordenador da Operação Lava-Jato. Ele indiciou o ex-presidente por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula, em repetidas entrevistas a órgãos de imprensa do Brasil e do exterior, tem dito que sofre perseguição política de Sérgio Moro.
Há uma expectativa entre os petistas deque o Supremo Tribunal Federal venha a julgar crimes que teriam sido cometidos por Moro contra Lula, como supostas provas forjadas, de acordo com revelações que foram feitas pelo site “The Intercept”, que publicou áudios de conversas entre juízes que integram a Operação Lava-Jato, trocando opiniões sobre como deveriam proceder em relação ao ex-presidente da República. Gleisi Hoffmann, que já foi senadora, chegou a afirmar que a visita de Moro a um órgão da PF seria uma provocação indecente à Suprema Corte de Justiça, embora a Polícia Federal seja, nos termos da Constituição, subordinada ao Ministério da Justiça.
A suspeição arguida pelos petistas contra Sérgio Moro é, principalmente, referente à sua atuação na condução do processo do tríplex do Guarujá, que teria sido dado graciosamente pela OAS ao ex-mandatário, configurando tráfico de influência, uma vez que a empreiteira foi beneficiada pelo governo do petista com recursos públicos. Na opinião da presidente nacional do PT, a ida do ministro a Curitiba seria uma “tentativa abjeta” de desviar o foco dos casos Queiroz e Marielle Franco, que respingariam no próprio presidente Jair Bolsonaro e em milicianos a ele vinculados. “O modelo de combate à corrupção de Sérgio Moro é conhecido: perdoou as penas dos verdadeiros corruptos em troca de delações contra seu adversário político”, fulminou Gleisi Hoffmann.
O ministro da Justiça, enquanto isso, defendeu a federalização das investigações envolvendo o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e do motorista Anderson Gomes, de modo que o caso fosse assumido pela Polícia Federal. “Considerando a demora de identificação dos mandantes a essas reiteradas tentativas de obstrução da Justiça, talvez seja o caso realmente de federalização”, declarou. Reportagem do “Jornal Nacional” apontou que um porteiro cujo nome não foi revelado disse à Polícia Civil que no dia do assassinato da vereadora, Élcio Queiroz, ex-policial militar suspeito de envolvimento no crime, afirmou na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal. Marielle e Anderson foram mortos no dia 14 de março de 2018.