Nonato Guedes
A bancada paraibana na Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988, composta por quinze membros – três senadores e doze deputados federais, contou com nomes de destaque como Antônio Mariz (já falecido), avaliado como “Nota Dez” pelo Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar e Lúcia Braga, que votou a favor de propostas progressistas mas teve sua atuação afetada por um drama familiar: ela teve que dar assistência à filha Patrícia, vítima de acidente automobilístico em Alfenas, Minas Gerais, que faleceu anos mais tarde após um período de coma. Marcondes Gadelha, que era filiado ao PFL, decepcionou segmentos da mídia ao se aliar a setores mais conservadores da política, tendo recebido média final 2,5 no julgamento do Diap.
Os três senadores constituintes foram Raimundo Lira, então PMDB, Humberto Lucena, PMDB e Marcondes Gadelha, PFL. Lira teve postura centrista. Absteve-se quanto à participação popular no processo legislativo, disse sim ao direito de voto aos 16 anos e votou a favor da reforma agrária. Marcondes evitou participar de votações polêmicas: esteve ausente na questão da participação popular, absteve-se quanto ao direito de voto aos 16 anos e ausentou-se nas votações da licença maternidade e licença paternidade. Votou contra a reforma agrária e a favor de cinco anos para o presidente José Sarney. Era líder do PFL no Senado e porta-voz do governo no Congresso e na Constituinte. Humberto Lucena obteve média final 5,5. Presidente do Senado, foi o autor da emenda que mantinha o presidencialismo como sistema de governo. Apoiou o direito de iniciativa popular no processo legislativo e disse sim ao direito de voto aos 16 anos. Nacionalista, votou a favor da proteção da empresa nacional e da nacionalização do subsolo. Apresentou emenda anistiando os empregados das estatais demitidos em razão de greve e votou a favor da reforma agrária e de cinco anos para Sarney.
Antônio Mariz, deputado federal pelo PMDB, tido pelo Diap como “parlamentar de boa formação intelectual” foi o deputado mais bem votado na Paraíba. Na Constituinte, apoiou o parlamentarismo e votou contra os cinco anos para Sarney. Disse sim à participação popular e ao direito de voto aos 16 anos. Também foi favorável à nacionalização do subsolo e votou pela proteção da empresa nacional, a favor do direito de sindicalização para o servidor público e disse sim à reforma agrária e ao tabelamento de juros. Mariz obteve Nota Dez no primeiro turno, Nota Dez no segundo turno e foi laureado, ao final, com a média final Dez. Adauto Pereira, ligado ao extinto Grupo da Várzea e filiado ao PDS, teve média final 1,0. Ausentou-se nas votações de decretos-leis de arrocho salarial e apoiou Paulo Maluf. Foi carimbado pela mídia como “conservador” e simpático à UDR – União Democrática Ruralista, entidade que congregava latifundiários do país.
Agassiz Almeida, deputado pelo PMDB, foi parlamentarista e nacionalista e teve média final 9,0. Aluízio Campos, também deputado pelo PMDB, definia suas posições como de centro-esquerda e foi o autor da emenda coletiva do Centrão sobre o preâmbulo da nova Constituição. Teve média final 4,75. Cássio Cunha Lima votou a favor do parlamentarismo e contra os cinco anos para Sarney. Obteve média final 6,5. Edivaldo Motta, do PMDB, ganhou média final 5,75, sendo identificado como presidencialista, Edme Tavares teve média final 6,5 e presidiu a Comissão da Ordem Social; Evaldo Gonçalves, do PFL, alcançou média final 5,25; João Agripino, do PMDB, teve média final 8,75, João da Mata, do PDC, média final 2,0; José Maranhão, do PMDB, média final 4,0. Lúcia Braga ficou com média final 4,75.