Nonato Guedes
O governador João Azevêdo, durante evento administrativo, hoje, confirmou para o próximo dia 18 viagem de uma semana ao exterior, juntamente com outros governadores da região que integram o chamado “Consórcio Nordeste”, formado com o objetivo de atrair empresários e investidores de diferentes países para explorar as potencialidades econômicas da Paraíba. O Consórcio conta com os nove gestores da região e foi idealizado como um gesto de independência em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), numa fase de hostilidade do mandatário a gestores da região. Bolsonaro, em entrevista a correspondentes estrangeiros, chegou a criticar o que chamou de “esses governadores de paraíba”, referindo-se aos governadores nordestinos. Criticou nominalmente o paraibano João Azevêdo e disse que, de todos, “o pior deles” seria Flávio Dino, do PCdoB do Maranhão.
Posteriormente, Bolsonaro tentou se justificar, explicando que não havia proferido nenhuma ofensa ao povo nordestino. Mas em novas declarações ele criticou gestores que, segundo disse, não reconheciam a paternidade do governo federal em obras e outros empreendimentos de vulto no Nordeste e ressaltou que eles procuravam apenas tirar proveito ou dividendo político-eleitoral em benefício dos respectivos esquemas. Desde então, Bolsonaro tem anunciado liberação de recursos para o Nordeste, mas os gestores preferiram continuar seguindo trilha própria – evitam hostilizar ministros do Planalto mas adotam uma linha de autonomia para fortalecer seus Estados. Com a viagem de João Azevêdo, que irá à França, Itália e Alemanha, assumirá a titularidade a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT.
Azevêdo manifestou a sua confiança em que não haverá solução de continuidade com o seu afastamento do Executivo por uma semana, lembrando que a vice-governadora Lígia Feliciano tem mostrado afinidade com seus programas administrativos e que continua cumprindo missões para encaminhamento de pleitos de interesse do desenvolvimento econômico do Estado. Desde a gestão de Ricardo Coutinho, em que também foi vice, Lígia Feliciano especializou-se em cumprir missões junto a investidores no exterior, principalmente com empresários da China, que não têm escondido atração pelas potencialidades paraibanas. O governador João Azevêdo, por outro lado, abordado por jornalistas, não fixou prazo para reforma administrativa, apenas admitindo que mudanças podem ocorrer dentro de um cronograma que o próprio governo se traçou.
Nas últimas horas, circularam informações de que o governador João Azevêdo não fez, até agora, qualquer concessão ao pleito de deputados estaduais, inclusive, integrantes do seu bloco de sustentação na Assembleia Legislativa, para a implantação do orçamento impositivo no Estado, o que levaria à liberação e ao pagamento de emendas parlamentares que foram apresentadas no atual exercício, beneficiando comunidades de cidades do interior. O chefe do Executivo tem ponderado que a conjuntura de dificuldades financeiras ainda não possibilita, por enquanto, a adoção das emendas impositivas, o que tornaria praticamente exequíveis indicações ou sugestões de obras prioritárias para os municípios, especialmente nas áreas de infraestrutura e de urbanismo. Os parlamentares ainda vão insistir numa negociação com o governador, em busca de soluções para o atendimento do que consideram uma reivindicação legítima e essencial.