Entrevistado no programa Domingo Espetacular, da TV Record, ontem (3), o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a TV Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por conta de insinuações do seu envolvimento nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e de seu motorista Anderson Gomes, após matéria veiculada no “Jornal Nacional”. De acordo com o presidente, Witzel tem usado a máquina pública para lhe perseguir. Já sobre a TV Globo, Bolsonaro afirmou que estava na Arábia Saudita e que não foi procurado pela emissora para esclarecer seu posicionamento.
– É um jornalismo sujo por parte da TV Globo. Fez para dar margem para as pessoas acharem que sou o mandante (dos crimes) – disse o presidente. A revista “Fórum” lembra que na Record o presidente pediu “um espaço de 15 minutos ao vivo no Jornal Nacional” para poder se defender. Bolsonaro também disse que não é obstrução da Justiça ter pego as gravações das ligações feitas na portaria de seu condomínio quando era deputado federal pelo Estado do Rio. Ao coletar provas antes da ação policial, o presidente tem sido acusado de interferir nas investigações. “Que obstrução? Qualquer um dos 150 moradores do condomínio pode pegar as fitas”, disse. O capitão da reserva reafirmou que no dia do crime estava em Brasília, como já comprovou. “Sou constantemente perseguido”, reclamou.
Ele ainda respondeu a pergunta sobre a fala do seu filho Eduardo, que defendeu a volta de um AI-5 para conter possíveis protestos de movimentos de esquerda no país. “Ele (Eduardo) foi infeliz, puxei a orelha dele. Os meus filhos não me atrapalham, me ajudam muito”, defendeu, frisando que agora no palácio tem um presidente em prol da família, cristão, que não tem mais ideologia de gênero. “O Brasil mudou, a família antes não existia, agora existe”. A crise em seu partido, o PSL, também esteve na pauta da entrevista, como destaca a revista “Fórum”. Ele citou denúncias de candidaturas laranjas, usando os recursos do partido e a denúncia de que seu filho Eduardo teria viajado de lua de mel com recursos da legenda, o que chamou de matéria mentirosa.
– Eu pago a conta sobre qualquer desvio de terceiros do partido. Ou passo a ter comando do partido para acabar com isso e fazer com que o fundo partidário vá onde tem que ir. Não estou brigando por recursos”, destacou, embora tenha dito que também está pensando nas eleições municipais previstas para o próximo ano e numa possível reeleição ao Palácio do Planalto. Outros temas que constaram da entrevista foram as manchas de óleo no Nordeste e a reforma administrativa do ministro da Economia, Paulo Guedes. Sobre o derramamento de óleo, Bolsonaro agora afirma que, ao que tudo indica, o vazamento veio de um cargueiro grego, sem explicar porque antes acusava ser da Venezuela. “O que foi recolhido é uma pequena quantidade. O pior ainda está por vir. Uma catástrofe maior ainda está por vir”, advertiu o presidente.