Nonato Guedes
O empresário paraibano Ney Suassuna, citado pelo Ministério Público Federal como envolvido na Operação Lava-Jato, em caso de pagamento de propina a executivos da Petrobras e a armadores gregos, com quem mantinha negócios, foi candidato a senador no Estado, pela primeira vez, em 1982, concorrendo a uma sublegenda. O cabeça de chapa era Antônio Mariz, que acabou perdendo o pleito de governador para Wilson Braga. O ex-governador Pedro Gondim ocupou outra sublegenda na chapa marizista, mas quem ganhou a cadeira no Senado foi Marcondes Gadelha, que migrara do MDB-PMDB para o PFL.
Com a posse de Mariz no governo em 1995, Ney assumiu a titularidade no Senado. Foi reeleito em 98 fazendo dobradinha com José Maranhão e derrotando o ex-governador Tarcísio Burity. Ney, conhecido por ser proprietário de uma rede de colégios particulares e por atuar, politicamente, como “um trator”, carreando verbas para a Paraíba, ocupou o Ministério da Integração Nacional no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi líder do PMDB no Senado e ultimamente trocou os embates político-partidários por uma vaga na Academia Paraibana de Letras. Foi derrotado pelo empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti mas já avisou que não desistiu de se tornar “imortal” na Paraíba e que tem poemas e livros que lhe dão cacife para tanto.
Nos anos 2000, um ex-assessor de gabinete de Ney Suassuna foi mencionado por envolvimento com a “Máfia de Sanguessugas”, referência ao esquema criminoso montado pelos irmãos Vedoin no superfaturamento de ambulâncias que eram adquiridas pelo poder público em diferentes instâncias. Suassuna acabou rompendo com José Maranhão, com quem teria tido divergências de ordem financeira, relativas à campanha de 98, e chegou a se oferecer ao ex-governador Ricardo Coutinho para atuar como uma espécie de “embaixador” dos interesses da Paraíba no exterior, onde sempre teve bons contatos, inclusive na Líbia, quando o país era dirigido pelo ditador Muamar Kadaffy. Ney Suassuna, quando indagado sobre sua coloração ideológica ou partidária, afirmou, durante um certo tempo, que era filiado ao “Partido da Paraíba”.
Há registros de que ele, residindo na Barra da Tijuca, também ajudou governadores do Estado do Rio com recursos federais obtidos em Brasília. Ele incorporou um lado folclórico ao seu perfil, tendo se notabilizado na mídia nacional por empilhar latas em frente aos Poderes em Brasília, protestando contra a falta de atenção a agricultores do semi-árido do Nordeste e clamando, também, pela execução concreta do projeto de transposição de águas do rio São Francisco. Ney Suassuna chegou a colaborar com aporte financeiro nas campanhas de candidatos proporcionais e majoritários do ex-PMDB paraibano. Não obstante a sua trajetória, o ex-senador nunca teve chance de disputar o governo da Paraíba.
No PMDB, o senador José Maranhão assenhoreou-se do comando da agremiação, da qual era presidente regional, e, ao invés de abrir vaga para Ney e outros pretendentes, preferiu, ele mesmo, encarar disputas ao Palácio da Redenção. Ney Suassuna chegou a enfrentar, ainda, o ex-senador Cícero Lucena, do PSDB, por quem foi vencido. Ele teve papel influente, paralelamente, em comissões estratégicas do Congresso Nacional, sobretudo as de Assuntos Econômicos e Orçamento. O ex-parlamentar sempre se definiu como um estudioso da problemática nacional e, em particular, da Paraíba e dizia que seu maior objetivo era contribuir para o desenvolvimento da Paraíba. Ele chegou a ser “proibido” de avançar, na corrida de 82, pela cúpula peemedebista, para não atrapalhar a caminhada do ex-governador Pedro Gondim, com quem a direção partidária tinha compromisso preferencial.