Da Redação, com “Estadão”
O empresário e ex-senador paraibano Ney Suassuna figura em uma ação penal no âmbito da Operação Lava-Jato, juntamente com o ex-cônsul honorário da Grécia no Rio de Janeiro Konstantinos Kotronakis, ambos suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção verificado nos contratos de afretamento de navios firmados com armadores gregos pela Petrobras. Conforme matéria do jornal “O Estado de S. Paulo”, a denúncia indica a suposta prática de crimes de pertinência e organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos de afretamento de navios da Petrobras datados de 2006 e 2008, que teriam gerado, pelo menos, US$ 17,6 milhões em propinas e comissões ilícitas.
Os valores foram pagos pelos armadores gregos Athenian Sea Carriers, Tsakos Energy Navigation (Hellas) e Aegean Shipping Management. Foram denunciados igualmente Dalmo Monteiro da Silva, ex-gerente de afretamentos da Petrobras, Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos Kotronakis, Henry Hoyer, ex-assessor de Ney Suassuna e João Henrique Hoyer, filho de Henry, Jorge Luz (colaborador), Bruno Luz (colaborador e filho de Jorge Luz), Fernando Bregolato (operador financeiro) e Paulo Arruda, também operador financeiro. De acordo com a Lava-Jato, em razão de acertos de corrupção, os armadores gregos Athenian Sea Carriers, Tsakos Energy Navigation, Dorian (Hellas) e Aegean Shipping Management se comprometeram a efetuar pagamentos de propina e comissões ilícitas na razão de 2% do valor dos contratos de afretamento para contas bancárias de empresas offshores vinculadas a Konstantinos Kotronakis mantidas na Grécia, Luxemburgo, Reino Unido e Suíça.
As offshores de Konstantinos Kotronakis foram constituídas para se assemelhar a empresas de corretagem de navios (shipbroking), de modo a dissimular as práticas criminosas. As investigações apuraram, também, que as propinas foram divididas entre funcionários da Petrobras, como Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Dalmo Monteiro Silva, ex-gerente de afretamentos, bem como agentes ligados ao Partido Progressista, enquanto as comissões ilícitas restantes eram repartidas entre os agentes intermediários do esquema, notadamente Konstantinos Kotronakis, Georgios Kotronakis, Ney Robinson Suassuna, Henry Hoyer, João Henrique Hoyer, Jorge Luz e Bruno Luz, segundo a força-tarefa. O empresário Ney Suassuna está afastado de militância política na Paraíba e sua última investida foi a de concorrer, sem êxito, a uma cadeira na Academia Paraibana de Letras, tendo perdido para o empresário Roberto Cavalcanti, do “Correio da Paraíba”.
A respeito das denúncias da Lava-Jato, apurou-se que tratam de uma fração dos afretamentos de navios que foram obtidos por armadores gregos junto à Petrobras mediante atuação de uma organização criminosa. Os contratos foram assinados em dezembro de 2010 mas os navios somente entraram em operação em meados de 2013, quando foi finalizada a construção deles. Tais contratos custam à Petrobras o aluguel diário de US$ 47 mil, cada, e permanecem vigentes até 2028, pelo que apurou o Ministério Público Federal. O complexo esquema criminoso, conforme a Procuradoria, só pôde ser amplamente desvendado após o exame de provas obtidas em procedimentos de cooperação jurídica internacional com Luxemburgo, Suíça, Estados Unidos, Reino Unido, Grécia, Panamá e Portugal, em medidas de busca e apreensão, quebras de sigilos bancário, fiscal e telemático, oitivas de testemunhas e colaboradores e informações e documentos requisitados. A acusação apresenta uma ampla variedade de atos de lavagem, por meio de offshores em diversos países e de operações simuladas, conforme o procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira.