A Polícia Federal solicitou ao relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, a prisão temporária da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em processo que investigaria suposta compra e venda de apoio político do MDB em benefício do Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais de 2014. O processo é o mesmo que alcançou o ex-senador paraibano Vital do Rêgo, ministro do Tribunal de Contas da União, que já esclareceu estar à disposição para prestar esclarecimentos. No caso de Vital, como informou sua defesa, a solicitação foi de depoimento dele.
As suspeitas em torno de Dilma foram levantadas nas delações premiadas do executivo Ricardo Saud, delator do caso J&F e do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Em sua delação, Saud disse ter havido pagamento da ordem de R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT. De acordo com o executivo, apesar de diversas doações terem sido oficiais, trata-se de “vantagem indevida”, já que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014 a fim de garantir aliança entre os partidos. Machado, por sua vez, relatou repasses de R$ 40 milhões por parte do grupo J&F a senadores do MDB a pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda. O inquérito foi aberto por Fachin no dia 14 de maio do ano passado.
Nota assinada pela assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff afirma que o pedido de prisão é um absurdo diante do fato de não ser ela mesma investigada no inquérito em questão. “E autoriza suposições várias, entre elas que se trata de uma oportuna cortina de fumaça”. A defesa da ex-presidente qualificou de “estarrecedora” a notícia do pedido de sua prisão “num processo no qual ela não é investigada e nunca foi chamada a prestar qualquer esclarecimento”. A nota diz, ainda, que a ex-presidente sempre colaborou com investigações e jamais se negou a prestar testemunho perante a Justiça Federal, nos casos em que foi instada a se manifestar.