Nonato Guedes
O apresentador Matheus Ribeiro, da TV Anhanguera, de Goiás, que dividirá com a jornalista paraibana Larissa Pereira, depois de amanhã, a bancada do “Jornal Nacional” no Rio, dentro do rodízio comemorativo aos 50 anos do principal noticioso do país, será o primeiro gay assumido à frente do “JN” e confessou à revista “Veja” que não imaginava que tal experiência pudesse acontecer tão rapidamente na sua vida. “Não sou um profissional com muitos anos de carreira, tenho apenas 26 anos. Espero poder representar muito bem o povo de Goiânia. A alegria que tenho como jornalista é poder conhecer realidades diferentes da minha”.
Larissa Pereira, que é apresentadora do JPB Segunda Edição, da TV Cabo Branco, em João Pessoa, onde ela nasceu, já se encontra no Rio e vem realizando os testes preliminares para sentar na bancada do “Jornal Nacional” sábado. Já foi anunciada em vídeo gravado por William Bonner, que oficialmente é o apresentador do noticioso, junto com Renata Vasconcellos. Nas declarações à “Veja”, Matheus Ribeiro assumiu que há oito meses namora o capitão da PM de Rondônia Yuri Piazzarollo. “Sempre recebi mensagens de seguidores falando sobre isso e tinha uma resposta pronta: minha vida particular não deveria ser um atrativo. Tenho o direito de me resguardar em algumas situações. Meu lado pessoal é pessoal, e ponto. O lado profissional é outra coisa”, acrescentou.
O apresentador goiano confirmou que partiu dos dois a decisão de tornar o relacionamento público. “É natural as pessoas terem curiosidade, mas houve situações que eu e o Yuri achamos desrespeitosas. Alguns comentários envolvendo religião, Deus, dizendo que não éramos corretos. Sou um cara que tem uma fé muito viva. É preciso respeitar a liberdade religiosa. Estou muito bem com Deus. Ao postarmos aquela foto, nós tiramos o poder de qualquer pessoa de dizer maldades. Não tenho nada a esconder de ninguém. Isso me aliviou”, contou Ribeiro. Indagado se assumir sua sexualidade não pôs em risco sua carreira na TV, ele respondeu:
– Lá atrás, tinha receio de que, quando essa característica viesse a público, eu me prejudicasse. Felizmente, para minha grata surpresa, isso não ocorreu. A TV Anhanguera, onde trabalho, e a Globo têm uma mentalidade aberta para valorizar as competências, a despeito de qualquer outra característica. A maior contribuição que posso trazer é mostrar meu trabalho sem me prender a essa questão pessoal. Para combater a homofobia, não preciso ser hétero nem gay; preciso ser apenas humano.
Desde que ele foi anunciado como um dos apresentadores do “Jornal Nacional”, o número de seguidores de Matheus Ribeiro nas redes explodiu. Ele contou como lida com o assédio: “De fato, tenho recebido mensagens do Brasil inteiro. Tento responder a todas, porque essa é a janela que tenho para falar com o público. Mas tenho uma história de vida que me faz brigar muito com a autoestima e a aparência. Fui obeso quando era criança e adolescente. Cheguei a pesar 110 quilos. Os colegas de escola me chamavam de “Boleus” (junção de “bola” e “Matheus”). Eu não era muito de sorrir, era tímido. Ainda tenho dificuldades para me achar bonito. É curioso essas pessoas que praticaram bullying comigo, na escola e na internet, me verem agora no Jornal Nacional”.