Da Redação, com UOL
A cantora baiana Daniela Mercury lançou hoje seu novo single, “Rainha da Balbúrdia”, em que cita o filme “Bacurau” e canta sobre resistência. Composta pela artista, a música está nas plataformas digitais de streaming e no You Tube. Entre as alfinetadas da letra, ela cita Estados do Nordeste e resume: “Paraíba, Somos todos Paraíbas”. Daniela canta: “É a Rainha da Balbúrdia que chegou/Pra balançar/As Bruxas/As Bixas”. Daniela Mercury já foi a principal expoente do axé-music da Bahia e definiu-se, certa vez, como “transgressora” por atitudes como a de namorar e beijar em público sua companheira, Malu Verçosa, que é jornalista.
Havia a expectativa de que a música tivesse alfinetadas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, ao qual Daniela Mercury se opõe abertamente, já que a palavra “balbúrdia” virou assunto político quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo” que universidades “que em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. A declaração gerou críticas de opositores e houve mobilização de reitores de universidades federais quando do contingenciamento de recursos, o que foi liberado, mais tarde, pelo Palácio do Planalto.
Entretanto, a faixa da música de Daniela foca em exaltar o Nordeste e clamar os ouvintes à resistência. “Um samba pela liberdade/ um beijo contra a maldade”, diz a letra, que cita o filme “Bacurau”, premiado em Cannes, na França., do qual participaram artistas da Paraíba. Segue Daniela: “Meu canto alegre/É o canto do carnaval/É o grito do Bacurau”. A menção a “somos todos paraíbas” lembra polêmica de Bolsonaro, quando foi gravado dizendo: “Dentre os (ou aqueles) governadores de “paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”. O caso aconteceu em julho e gerou críticas.
A cantora já havia sido provocativa no single “Proibido o Carnaval”, no começo do ano, com outras críticas ao governo. Daniela já chegou a recusar um convite do ex-presidente Michel Temer (MDB) para assumir pasta de Cultura. O cargo foi ofertado a outros artistas, como a atriz Bruna Lombardi e também foi rejeitado. No governo Bolsonaro, o enfrentamento por parte de artistas e intelectuais tornou-se mais intenso, devido à insistência do presidente em mudar a Lei Rouanet e cortar repasse de verbas para financiar apresentações artísticas.