Da Redação, com “Veja”
“O sol não é para todos”, lembra um texto da revista “Veja”, informando que a mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a segunda instância, tomada ontem, soltaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e mais condenados na Operação Lava-Jato, mas não beneficiaria o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, nem o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Um irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira, e pelo menos mais doze apenados pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região, entre empreiteiros, operadores de propinas e ex-funcionários da Petrobras são tidos como famosos condenados que estão prestes a ganhar a soltura.
Há, ainda, aqueles que estão em regime semiaberto e poderão tirar a tornozeleira, como os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Delúbio Soares, ou deixar de dormir na cadeia, como o empresário Natalino Berlin. Sérgio Cabral foi condenado a 267 anos de prisão em doze processos. Tem quatro prisões preventivas decretadas pelo juiz Marcelo Bretas nas investigações sobre a organização criminosa instalada no governo fluminense durante sua gestão, entre 2007 e 2014. Preso em novembro de 2016, o ex-governador encontra-se em Bangu 8, no Rio, cumprindo provisoriamente a pena de catorze anos e dois meses a que foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região. Já Eduardo Cunha, detido em outubro de 2016, tem duas preventivas determinadas nos processos sobre corrupção e lavagem de dinheiro em contratos da Caixa Econômica Federal e na construção da Arena das Dunas, em Natal. Ele cumpre, também em Bangu, os catorze anos e seis meses de prisão impostos pelo TRF4.
Condenados em segunda instância e presos há mais de três anos, tanto Cabral quanto Cunha negociaram acordos com o Ministério Público Federal ou Polícia Federal, ainda não formalizados, para diminuir o tempo na prisão. Cabral, que até o início de 2019 negava ter se corrompido, trocou de advogado e pediu para ser reinterrogado – passou, então, a admitir o recebimento de propinas e a compra de votos para sediar a Olimpíada de 2016. A possibilidade de cumprir a pena já em segunda instância é um dos fatores usados pela Lava-Jato para estimular delações. O temor é que, se o réu puder recorrer em liberdade por muitos anos, fique mais difícil ele topar ser delator. Geddel Vieira, ex-deputado federal, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, está na lista dos que continuarão presos preventivamente, a partir da jurisprudência celebrada ontem pelo STF.
Com o veto à prisão após condenação em segunda instância, deixarão a prisão: Lula da Silva, Zé Dirceu, José Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, Waldomiro de Oliveira, funcionário do doleiro Alberto Yousseff, Márcio Andrade Bonilho, empresário, dono da Sanko-Sider, Jayme Alves de Oliveira Filho, policial federal envolvido em esquema do doleiro Alberto Yousseff, Gerson Almada, dono da Engevix, Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior, Sérgio Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior, Alberto Elísio Vilaça Gomes, ex-diretor da Mendes Júnior, Fernando Moura, lobista, Roberto Gonçalves, ex-gerente da Petrobras, Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos, ex-gerente da Petrobras, João Augusto Rezende Henriques, lobista e Leon Vargas, irmão do ex-deputado federal André Vargas.