Nonato Guedes
A saída do governador João Azevêdo da direção da comissão estadual provisória do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba foi mais um passo para concretizar a desfiliação dele do PSB, o que poderá acontecer na sua volta do exterior, para onde viajou em companhia de outros governadores nordestinos. O chefe do Executivo havia sido incluído na direção estadual provisória após a destituição do diretório regional que era presidido por Edvaldo Rosas, atual secretário de Governo, numa manobra atribuída ao ex-governador Ricardo Coutinho. Além de Azevêdo, Rosas também está fora de qualquer instância deliberativa do PSB, tendo sido investidos os deputados Rubens Germano e Cida Ramos, que têm ligações com Coutinho, o atual dirigente regional.
A definição sobre a filiação partidária do governador e seu grupo ainda é a incógnita maior. Dirigentes e representantes de vários partidos fizeram ofertas a Azevêdo para ingresso nessas legendas, inclusive, ocupando posição de destaque, como o próprio comando. No entanto, ele tem preferido aprofundar consultas junto ao seu grupo de sustentação política para definir qual a melhor alternativa. Entre socialistas remanescentes o consenso é de que não há mais retorno na relação entre o governador e o antecessor, uma vez que houve troca de acusações entre eles, inviabilizando tentativas de mediação que chegaram a ser feitas por líderes como o senador Veneziano Vital do Rêgo e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino.
João Azevêdo passou o cargo à vice-governadora Lígia Feliciano e embarcou para a Europa, num giro que contempla França, Itália e Alemanha. Esta é uma das primeiras articulações internacionais feitas pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, que os gestores da região decidiram criar como estratégia para reduzir a dependência em relação ao governo federal. A assessoria da governadora em exercício Lígia Feliciano, do PDT, informou que durante o período em que ela ficará no comando do Estado fará visitas técnicas às obras que estão em andamento nas áreas de educação e segurança e manterá reuniões com a equipe da Secretaria Estadual de Saúde.
Lígia destacou, em declarações a jornalistas, o que chamou de “excelente relacionamento” com o governador João Azevêdo, que já lhe confiou missões importantes, inclusive, o aprofundamento de intercâmbio com empresários da China para investirem na Paraíba. Interlocutores de Azevêdo reforçam as declarações de Lígia (mulher do deputado federal Damião Feliciano), observando que a relação positiva entre ela e João Azevêdo é facilitada pelo estilo discreto da médica e pelo interesse que demonstra quanto ao conhecimento da engrenagem da máquina administrativa estadual. Lígia foi vice-governadora de Ricardo Coutinho no segundo mandato, conquistado nas eleições de 2014, tendo sido mantida como vice de João Azevêdo, após a superação de desentendimentos, na época, no agrupamento socialista.